Texto Para um dia que destilaram o ansiolítico.

Texto Para um dia que destilaram o ansiolítico.

Alexandre Menezes

São tantos jardins.

São tantas borboletas.

E nesse momento, em qual jardim preferencialmente as borboletas pousam?

São tantas questões ao longo do dia que as perguntas e as respostas se perdem, então:

Em qual dos jardins?

Quais serão as borboletas?

E se alguns pássaros durante o caminho frustram o retorno para casa?

E se um vendaval destrói o jardim?

Sendo inúmeras indagações e tão poucas respostas que sempre creio que as borboletas devem apreciar o melhor momento: o do voo. Nele, nada as prendem. Não há ventania, sapo e nem o medo dos pássaros para impedi-las de voar. Caso qualquer um deles apareça, eis que chega a adrenalina para abastecer suas asas.

Por mais que vivam intensamente para, realizadas e satisfeitas, voltarem para casa, haverá sempre o desejo de reencontrar o jardim ideal: o dos sonhos. Nunca deixam de fazer e vão longe, ou pela própria força das asas ou pela força dos ventos, e estes, equiparados aos sonhos, se forem bons, as guiarão ao lugar pretendido. Desconheço lágrimas de borboletas.