Minha Melhor Crônica

Sento para escrever minha melhor crônica. Mas como sei e porque essa será minha melhor crônica.

Na verdade mesmo nem sei se será uma crônica, pois nada tenho para contar do meu cotidiano e nem do cotidiano normal de minha vida, mas ainda sim, acredito que essa será minha melhor crônica.

Queria contar sobre o fato de que casei duas vezes e estou preste a casar pela terceira vez, mas não é novidade nenhuma hoje em dia se casar três vezes.

Quem nunca ouviu, ainda solteiro, de outros, até mesmo colegas já casados, que se tem uma coisa que se arrepende é ter casado. Ou mesmo ouvido daqueles que casaram e se separaram dizer: nunca mais caso na vida.

Até aí nada de anormal num mundo hoje volúvel como o nosso, porém casarei pela terceira vez com a mesma mulher.

É isso mesmo, casarei pela terceira vez com a mesma mulher e feliz como se fosse a primeira vez.

Na primeira casamos apenas numa cerimônia espiritual kardecista, na minha cidade natal no interior de são Paulo.

Na segunda casamos numa cerimônia Umbandista, numa cerimônia linda e renovamos nosso amor.

E agora casarei pela terceira vez, numa cerimônia burocrática, num cartório, para fins de papelada e melhor situação jurídica, apenas.

Ainda tenho dúvida acerca desta crônica, se não estou querendo dar muito mais valor a ela, do que realmente merece, ao chamá-la de minha melhor crônica.

Certo de que o cotidiano em que vivemos atualmente é tão enxovalhado de pessimismo que fica difícil escolher um tema de crônica que não seja triste, lacrimoso e pessimista.

Poderia enveredar pela crônica ao estilo de Nelson Rodrigues, o maior cronista de todos os tempos, ou mesmo pelas crônicas de Carlos Heitor Cony, o seu maior e dileto representante ou que pelo menos o que chegou mais próximo.

Porém, na minha incompetência natural querer imitá-los seria muita presunção, logo fico em dizer e escrever sobre o meu cotidiano ou de meus próximos.

Falo então de minha comadre, este personagem fantástico criado pelo genial Machado de Assis, mas que anda sumida da literatura, pois não existe mais tal compadrio.

Mas não deixaria de citá-la, afinal me deu um afilhado lindo, Kael, uma sobrinha torta, Rebeca, e para não ficar no estereotipo das comadres, é nova, linda, etc e tal.

Enfim, esta crônica tem e teve a pretensão de ser a melhor que já escrevi, algo não tão difícil, mas ainda não sei se meu intento será alcançado.