O YOGA MEDITATIVO E A BÓIA DO PESCADOR

Quem gosta de gastronomia sempre está trocando impressões ou fica curioso quando sabe que em algum lugar há um prato ou preparado de alguma forma diferente e que tenha chamado a atenção de alguém.

Eu era destes farejadores de novidades, hoje moro no mato, e trocava sempre figurinhas, nos meus tempos de freqüentar clubes. As pessoas vinham me dizer, e eu a elas, quando descobriamos algo novo.

Um dos pratos que sempre gostei foi de uma ‘galinhada caipira’. É um prato comum, só que leva umas três horas para ficar bom, enfim, um ensopadão de panela acompanhado de quirera e arroz, e, pelo tempo que demora o cozimento, é muito díficil de ser encontrado em uma grande cidade, além da galinha é claro, mas tem, é só procurar.

Há umas duas horas de Manaus existe uma cidade, indo pela rodovia que vai dar em Caracas (para quem quiser ir dar um abraço nos seguidores de Chaves), que se chama ‘Presidente Figueiredo’.

Os fundadores desta cidade não respeitaram o pedido em vida do dito presidente, o último dos militares, que queria que todos o esquecessem depois da sua morte, mas talvez não fizeram esta sua vontade porque fossem ganhadores só de um salário mínimo por mês, e quiseram se vingar desta forma dando o nome dele à cidade, ao invés de darem o tiro na cabeça, como respondeu o presidente uma vez ao ser indagado sobre ‘o que faria se recebesse só um salário mínimo.

Foi, literalmente, um presidente criado nas melhores estrebarias do país, ele preferia ficar com cavalos do que com gente, como dizia, mas a viúva dle morreu em dificuldades, pois ele não dava consultorias.

...mas de qualquer forma, pela localização, a cidade não ajuda muito para ele ser lembrado.

Quando estive lá, há uns dez anos, a estrada estava novinha, hoje já ouvi falar, que andar por ela está uma verdadeira aventura. Acho que só os moradores de Manaus sabem que existe esta ‘brilhante’ rodovia.

Bom, mas de qualquer forma foi ótimo de ter conhecido aquela região, que é muito procurada pelos moradores de Manaus, que são muitos alegres, e por muitos turistas, devido à boa gastronomia lá servida e às belezas naturais.

Fomos duas vezes para aquela região, pois também é um dos lugares onde mais existem quedas d’agua por km quadrado do país.

A primeira vez fomos num restaurante de frutos de rio magnífico.

Comida excelente e o restaurante apinhado de turistas. Um burburinho.

Na segunda vez fomos para uma 'galinhada'.

Era num restaurante em que tínhamos que sair da rodovia e descer a pé uma ribanceira por um caminho meio improvisada de chão batido, mas que chegando lá embaixo era deslumbrante. 

O restaurante era um grande círculo, feito uma grande oca, só coberto com sapé, ou algo parecido, e sem paredes, onde bem perto tinha uma queda de água, que formando uma piscina, era a festa da garotada e também de alguns grandinhos

O restaurante era um fervo de tanta gente, Era trazido na mesa em panelas de barro, de acordo com o número de pessoas, e tinha um sabor magistral, feito com as especiarias da região, que não são poucas.

O curioso e que me fez lembrar, tocando no assunto, é que víamos as galinhas ciscando na mata perto do restaurante, em grande quantidade. Tivemos que esperar quase uma hora e já era umas duas da tarde.

Bom, depois desta divagação voltemos ao tema.

No clube que eu frequentava, para variar, em conversa de sauna, um conhecido que fornecia as tampas de madeira para os perfumes do boticário, comentou que num pesk pag que ele sempre ia, em todo primeiro domingo, era servido uma galinhada, e que ele nunca tinha comido igual.

Peguei o endereço e quando chegou o dia determinado, lá fomos, eu, minha esposa e um casal de amigos.

Lá chegando, era um lugar simples, com alguns quiosques, espalhados ao largo, onde escolhemos um e ficamos aguardando, tomando um vinho de colônia, eu ainda bebia alguma coisa de alcool, e beliscando algumas broas, pois a galinhada estava atrasada.

Eu e meu amigo, que é diretor de teatro, fomos para mais perto do lago enquanto as mulheres ficaram no quiosque conversando. E nessa resolvemos alugar o material de pesca e arriscar algumas beliscadas. Devo ter ido a pescarias umas cinco vezes na minha vida, e aquela foi a última, pois nunca fui chegado nesta prática que considero predatória, pois vai-se para lazer e não se deve matar nenhum animal se não estamos precisando para comer.

Não pescamos nada, ainda bem, mas por coinscidência estava lendo um livro de tecnicas de relaxamento, e aí deu para eu observar o porquê de muitos gostarem tanto deste hábito predatório, e não possuírem a consciência do motivo deste gosto. Pensam que é o peixe, mas não é. Às vezes gastam até milhares de reais, indo para o pantanal, como fui uma vez, para conhecer a região, ou até à Amazônia para praticá-la.

“Tem alguém até que diz, assim como disseram para mim outro dia, quando dei sinal de luz para um turista, coisa que não faço mais,  que estava meio alterado etílicamente e que saindo do carro falou com seu sotaque catarinense arrastado: ‘Tá nervoso, vai pexxxcar, vai pexxxcar”. ‘“Até a minha esposa brincava comigo ‘Vai pexxcarcar, vai pexxxcar”.

Mas naquele dia, naquela pescaria indevida, eu descobri o motivo desta preferência natural e que poderia ser feita de outra forma, pois na realidade a pescaria é a Yoga relaxante inconsciente de muitos.

Aquela bóia serve como o ponto de convergência da visão e a pessoa ficando focada, automaticamente nela, não dá a chance para outros pensamentos se infiltrarem, na sua mente ou propicia o desligamento de qualquer opressão que ele estivesse tendo naquele período.

E por isto, pela descontração obrigatória do raciocínio olhando para aquela bóia, todos voltam calminhos, calminhos, para casa, até passar uns dois dias novamente, pois não estão eliminando a causa, só tendo uma pausa que não resolve.

O segredo é aprender a relaxar onde quer que esteja, você deve ser o dono do que vai na tua mente, assim poderás ser feliz, como nos diz o sábio Abdruschin em sua Mensagem do Graal "Conservai puro o foco dos vossos pensamentos, com isto estabelecereis a paz e sereis felizes" (www.graal.org.br )

Eles poderiam deixar a bóia em cima da mesa da cozinha, ou uma chave, ou uma caneta, qualquer coisa e procurassem, assim como qualquer um, deixar se esvair dos pensamentos olhando-a,  e qualquer lugar serve, é só indo praticando que há progressos.
E a natureza agradeceria.

Mas, quanto a galinhada, foi um fiasco, pois a Senhora que tinha a ‘mão de ouro’ estava hospitalizada e quem a fez, para nós, foram o filhos dela, e eu ai então, comi a pior galinhada da minha vida.

Só fiquei sabendo disto quando falei com o meu amigo, que tinha me indicado e me feito passar o maior 'carão', com os meus convidados, e que aí me avisou da hospitalização da senhora.

Nem sempre a gente acerta!


‘A felicidade provém do íntimo, daquilo que o Ser humano sente dentro de si mesmo" Roselis Von Sass 






 
HAMILTON SERPA
Enviado por HAMILTON SERPA em 02/05/2009
Reeditado em 06/01/2016
Código do texto: T1571121
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