DE LOUCO TODOS NÓS TEMOS UM POUCO

O homem, que é um ser inteligente e racional faz relação entre causa e efeito para explicar cientificamente acontecimentos, comuns do seu dia a dia. Mas, muitas de nossas associações, não têm nenhum embasamento racional, gerando crendices, superstições, que passam de geração a geração, levando-nos ao ridículo ao emitirmos certos TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), usar amuletos, talismãs, patuás e até desmancharmos compromissos e viagens induzidos por certos presságios infundados.

Mas, quem discorda do adágio que diz: “De louco todos nós temos um pouco”? Atire a primeira pedra, aquele que não tem nenhuma mania ou não acredite nisso ou naquilo que traz sorte ou azar.

A Mariana minha querida amiga tem horror a espelho quebrado. Quebrar espelho traz sete anos de azar. Ao vê-la um dia tão desesperada por ter quebrando um, fiz de tudo para confortá-la. Não sei até que ponto consegui melhorar seu ânimo, mas expliquei que esta crendice vem da mitologia Grega. Como espelho era algo muito caro os gregos diziam para seus servos que quem quebrasse um, estava condenado a sete anos de má sorte, persuadindo mais cuidado da parte deles ao trabalhar com algo frágil e valioso.

Outras pessoas não gostam de cruzar um gato preto, outros não passam debaixo de escadas, muitos não assumem compromisso nas sextas-feiras treze. Algumas destas superstições são explicadas quando pesquisamos suas origens. A crendice de que bater na madeira três vezes afasta a má sorte, vem da cultura Celta que muito antes do Cristianismo acreditavam que as árvores eram “Deusas da Terra”, que evitavam o mal e diante dela os sacerdotes celebravam cultos e rituais para trazer felicidade e bom êxito.

Interessante, no entanto, foi à noite nupcial de Fernandinho e Josalba, na verdade tudo começou na cerimônia do casamento. Fernandinho era por demais supersticioso e ao ver sua noiva adentrar na Igreja de vestido azul o brilho de seus olhos se evadiu porque ele acreditava que a “noiva que se veste de azul no dia do casamento morrerá cedo”. Tentou se recuperar-se do susto, amava muito sua noiva e ficar viúvo não estava em seus planos. A cerimônia continuou e na hora que Josalba foi por a aliança no dedo de Fernandinho introduzia-a com carinho até o fim do dedo de Fernandinho, que se esforçava para que isto não acontecesse, enrijeceu os dedos, mas não conseguiu seu intento. Lá vai mais uma facada em seu coração, no dicionário supersticioso do nubente dizia que: “Se na hora do casamento a noiva colocar a aliança até o fim do dedo do noivo, mandará no marido”. Pronto! Era o seu fim. Tinha certeza que seria “Barriga Branca”. Não pense que as superstições ficaram por ai, o drama foi espetaculoso na alcova quando o casal preparava-se para as núpcias. Josalba pediu a Fernandinho que apagasse a luz, e ele insistia para que ela tomasse esta atitude. Ficaram a noite toda, um pedido ao outro: apague a luz, por favor. A cópula não se consumava e a luz continuava acessa porque ambos eram adeptos da superstição: “Na noite do casamento, quem apagar a luz primeiro, morrerá em primeiro lugar”.

Não adianta ficarmos aqui criticando o casal porque eu, você, todos nós somos vitimas de TOC, superstições e crendices. Uns se tornam mais, outros menos escravos destes males, que colocam em xeque nossa racionalidade, mas o fato é que:

“De louco todos nós temos um pouco”.

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 04/05/2009
Reeditado em 03/05/2020
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