O Silêncio da Solidão

Não mudou muita coisa depois de sua chegada, porém depois de muitos anos juntos, tudo mudou após sua ida. Eu não o amava com muita devoção, pensava, mas respeitei-lhe enquanto companheiro.

Se não foi o maior amor do mundo, foi o amor que mereci, o qual consegui retribuir dentro de minhas características, o que encontrei e que foi possível.

Amigas sozinhas dava o mote verdadeiro da solidão, o câncer silencioso que mata aos poucos, com dor, sofrimento e angustia.

Assim sendo não reclamava da minha situação, que perto daquelas mulheres sozinhas era sem duvida muito melhor. Tinha a quem encontrar no aconchego do lar, ou alguém a esperar. Tinha o calor humano de uma cama acompanhada, de um almoço na mesma mesa, de um filme, mesmo tudo sendo tão normal e cotidiano, sem surpresas.

O convívio era pautado pelo quase silêncio, a intimidade era pouca, o sexo menos ainda, mas nos completávamos neste silêncio quase sepulcral e sem reclamações.

Os dias eram mudados apenas na folhinha, na data e no horário, mas tudo era como se fosse um mesmo dia, mas estava feliz, dentro do meu mundo e da noção de felicidade que tinha, ademais tinha alguém para dividir meu silêncio.

No entanto, um dia ele se foi, sem mais nem menos, me deixou sozinha sem qualquer explicação, no mesmo silêncio que dividimos todos aquele anos.

A minha vida mudou, cai na mais repleta solidão, no sofrimento e na esperança de uma volta ou um aceno qualquer. Queria de volta meu silêncio compartilhado, mas ele não voltou e neste momento conclui tardiamente que o amava muito mais do que imaginei, silenciosamente.