ROSAS BRANCAS
Não sei a cor dos olhos dela. Os olhos da sua mãe... Nunca imaginei se eles seriam azuis da cor do céu ou verdes como a esperança. Castanhos como as cores do outono ou negros como as noites sem estrellas . Sei apenas que eram olhos cheios de amor. Olhos de mãe.
Talvez azuis como duas gotas d’água que refletiam o céu enquanto te seguiam os passos. Quem sabe tenham sido tão verdes quantos os teus olhos – você ainda se lembra dos olhos dela? Lembra-se dela? Dos sonhos que teve, das coisas que ela viu enquanto caminhava te levando no colo? Lembra-se dos lençóis secando no varal enquanto ela colhia ameixas?Lembra-se do jardim de flores que ela plantou e pacientemente esperou por cada florada de rosas e margaridas? Você viu o tempo esculpindo sulcos e veios na pele alva daquele rosto que te olhava e velava o teu sono? Você viu o inverno e a geada fria amortecendo-lhe as mãos enquanto trazia água para o teu banho?Viu lágrimas escorrendo por estes sulcos indo morrer naqueles lábios que te beijaram as “mãozinhas” e os teus cabelos na testa suada?Lembra-se da sua voz, das suas histórias, do seu sorriso, dos seus cabelos e do seu jeito “peculiar” de andar pela casa indo do fogão à lenha até a janela? Lembra-se do som dos passos "dela" pela casa de assoalho alto enquanto arrumava a mesa para o lanche, trazendo o pão quente [rosas que ela transformava em pão] e o bule de café fumegando?
Ela te olhava com carinho e imersa nos próprios pensamentos sorria e cortava o “seu” pedaço de pão.
Quando penso nela, na 'sua' mãe, sinto um carinho imenso me tomar – queria ter tido a chance de olhar naqueles olhos que um dia te olharam. Ter entre as minhas, aquelas mãos que um dia te receberam e te embalaram na noite do solstício de inverno (esta frio aqui!). Não sei por que pensei em sua mãe e não em minha mãe. Queria beijar-lhe as mãos... Agora estou em meu quarto e me olho no espelho enquanto meus pensamentos se dividem entre velhas e caladas fotografias me “olhando”– os meus olhos têm a cor do âmbar e eu me pergunto qual a cor dos olhos de sua mãe? Talvez um dia você me diga isso, talvez um dia eu mesma veja isso. Mas neste momento eu queria dar rosas brancas à ela. Muitas rosas brancas e dizer o quanto me sinto feliz por ela ter me trazido você.
www.luciahlopez.prosaeverso.net
Não sei a cor dos olhos dela. Os olhos da sua mãe... Nunca imaginei se eles seriam azuis da cor do céu ou verdes como a esperança. Castanhos como as cores do outono ou negros como as noites sem estrellas . Sei apenas que eram olhos cheios de amor. Olhos de mãe.
Talvez azuis como duas gotas d’água que refletiam o céu enquanto te seguiam os passos. Quem sabe tenham sido tão verdes quantos os teus olhos – você ainda se lembra dos olhos dela? Lembra-se dela? Dos sonhos que teve, das coisas que ela viu enquanto caminhava te levando no colo? Lembra-se dos lençóis secando no varal enquanto ela colhia ameixas?Lembra-se do jardim de flores que ela plantou e pacientemente esperou por cada florada de rosas e margaridas? Você viu o tempo esculpindo sulcos e veios na pele alva daquele rosto que te olhava e velava o teu sono? Você viu o inverno e a geada fria amortecendo-lhe as mãos enquanto trazia água para o teu banho?Viu lágrimas escorrendo por estes sulcos indo morrer naqueles lábios que te beijaram as “mãozinhas” e os teus cabelos na testa suada?Lembra-se da sua voz, das suas histórias, do seu sorriso, dos seus cabelos e do seu jeito “peculiar” de andar pela casa indo do fogão à lenha até a janela? Lembra-se do som dos passos "dela" pela casa de assoalho alto enquanto arrumava a mesa para o lanche, trazendo o pão quente [rosas que ela transformava em pão] e o bule de café fumegando?
Ela te olhava com carinho e imersa nos próprios pensamentos sorria e cortava o “seu” pedaço de pão.
Quando penso nela, na 'sua' mãe, sinto um carinho imenso me tomar – queria ter tido a chance de olhar naqueles olhos que um dia te olharam. Ter entre as minhas, aquelas mãos que um dia te receberam e te embalaram na noite do solstício de inverno (esta frio aqui!). Não sei por que pensei em sua mãe e não em minha mãe. Queria beijar-lhe as mãos... Agora estou em meu quarto e me olho no espelho enquanto meus pensamentos se dividem entre velhas e caladas fotografias me “olhando”– os meus olhos têm a cor do âmbar e eu me pergunto qual a cor dos olhos de sua mãe? Talvez um dia você me diga isso, talvez um dia eu mesma veja isso. Mas neste momento eu queria dar rosas brancas à ela. Muitas rosas brancas e dizer o quanto me sinto feliz por ela ter me trazido você.
www.luciahlopez.prosaeverso.net