PROPAGANDA

Gosto de ver propagandas na TV. Para ser sincero e se eu pudesse classificá-las como programas ou atrações seriam as que mais eu apreciaria, quando são inteligentes, humorísticas, bem boladas e sinto até inveja pela criatividade, vez por outra, em cima de fatos corriqueiros de todos os dias, mas que eu não fui sagaz suficiente para perceber. Me dá uma tristeza!

Se olharem com atenção, verão que um instantezinho à-toa faz grande diferença. Atualmente tenho visto uma em que há algumas crianças com QI alto falando de um modelo de automóvel. Até chatinha devido às vozes nada profissionais delas e nem poderia ser de outra maneira, mas há uma menininha que fica na tela pouquíssimos segundos, coloca a mão no rostinho moleca, balança a cabeça e diz:

- Eu não acredito!

Olhem! Valeu para mim por todo o trabalho. Outra magnífica é aquela que faz promoção de certa cerveja. Duvido que alguém ainda não tenha reparado nela. Tem aquela morena que é um tiro, um verdadeiro Boeing, um rapaz e a cerveja, naturalmente.

O que chama atenção, depois da moça, claro, é que o babaca depois de beijar aquele “avião” e sentir o sabor da bebida, fica lambendo tudo mais à sua frente. Deixa o morenaço para lá e lambe abajur, tampo de mesa e somente quando aquela divina obra molha-se propositalmente com a dita cerveja é que ele acorda e não duvido que a coisa somente fique no lamber cerveja forever. Gostei do quê então?

Olhe, velho, na minha idade somente gostei mesmo de olhar a bela moça. Sacrifício demais para mim e para ela, se eu tivesse no lugar daquele rapaz. Faria um esforço - claro! -, mas garantir eu não garantiria nada. Não dou conta daquilo mais não. Ela iria encharcar-se de bebida e talvez eu tivesse o maior porre da paróquia, mas, desconfio, ficaria nisso. É muita areia para o meu velho e desgastado caminhão ou, como dizem lá na roça, capim novo demais também dá dor de barriga em cavalo velho.

Do rapaz nem se fala. Não sou chegado mesmo. Deus me livre! Da cerveja? Até gosto, mas a melhor coisa que eu posso fazer para ter azia é beber cerveja. Não ligo muito para isso não, mando um antiácido, bicarbonato pra dentro e estou pronto para outras. Mas não é minha bebida predileta, prefiro uma boa cachacinha de uns dez anos ou mais.

E aí? Eu usei meu tempo até aqui para escrever isto e ainda ninguém entendeu nada do que eu gostei naquela propaganda. Foi da música, mané! Aquela interpretação de “stormy weather” é de matar coração de velho apaixonado por música. Estou tão maluco por ela que até enviei e-mail a Antarctica para saber quem era a vocalista. Nem ligaram! Não deram à mínima!

Corri num site e digitei o nome da canção. Há mais de não sei quantas gravações diferentes dela e não sei o nome da dona daquela voz. Tenho várias gravações de “stormy weather”, mas aquela é demais. Pô! Bem que a Antarctica poderia mandar-me a resposta. Não custaria nada. Afinal, eu vi e gostei da propaganda, não importa de que parte, não é mesmo? Gente sovina! Mão de vaca!

Mas querem saber de uma coisa? Bem feito! Com uma mulher daquela, cerveja da melhor qualidade, o panaca aqui vai gostar logo da música que toca? Tenho a impressão de que a empresa ficou desapontada e deve ter dado uma solene banana para mim!

Acho que vou mandar outro e-mail para eles. Quem sabe me respondam somente para se livrar de um chato? Ou, quem sabe? Não ficam penalizados e me mandam o CD inteirinho? É ruim, heim! O tempo vai continuar tempestuoso, chovendo até canivetes (tomara que sejam Roger’s) e eu ganhando bananas! Aposto!

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Obs1: Um leitor me forneceu, tempos depois e por telefone, o nome da intérprete: Etta James. Consegui um monte de canções dela e estou redigindo estas notas com ela cantando Stormy Weather para mim.

Obs2: Escrita há muito tempo não mais lembrado por mim.

Dbadini
Enviado por Dbadini em 11/05/2009
Código do texto: T1588314