O Perdulário Sonhador (gastador, dissipador e pródigo)

À tarde quando saiu do serviço ele comprou 02 fazendas, uma em Mato Grosso , outra nas Minas Gerais. Fazendas altamente produtivas com gado leiteiro e de corte. Lindas fazendas, com terras a sumir de vista, banhadas por imensos rios. Cada uma das fazendas possuia um imenso casarão. Herança dos tempos do império.

Antes de chegar na sua casa ainda comprou 02 pickups ultramodernas, a diesel, que ele usaria para vistoriar as suas terras. Comprou também colheitadeiras, tratores e mandou construir imensos silos para o armazenamento de grãos. Mandou pintar todas as 50 casinholas dos trabalhadores da fazenda e aumentou consideravelmente o salário de todos. Ele era rico e bom de coração. Muito bom mesmo.

Fazia tempo que ele não se sentia tão bem. Comprou roupas novas para ele, para a mulher e para os filhos. Roupas de marca, de estilos diferentes dos usados até então. Comprou um apartamento completamente mobiliado para cada um dos filhos e, para disfarçar, marcou uma viagem de navio para a Europa com a sua mulher. Para a amante comprou uma luxuosa mansão na zona sul com piscina olímpica, quiosques, segurança vinte e quaro horas e todo o conforto que o dinheiro pode proporcionar. Ele era rico, dinheiro não era problema.

Para a igreja fez uma doação fabulosa que até o padre passou mal ao saber do montante. Os pobres da sua cidade ? Não passariam necessidade pois ele iria ajudar a todos.

Comprou um hospital com todas as especialidades que só na Europa, Japão e Estados Unidos possuíam. Os médicos, enfermeiros, assistentes e demais funcionários seriam regiamente remunerados. Miséria para que ? Ele não era mesquinho.

Comprou ainda um carro para cada um dos filhos e, detalhe, cada um escolheu o modelo e ano sem que ele se intrometesse nem um pouquinho. Dava gosto ver a cara de felicidade dos filhos. Ele já não era somente bom de coração, era ótimo.

Comprou ainda uma fábrica, uma empresa de ônibus, uma frota de táxi e um jato para suas pequenas viagens até a Argentina onde todo o sábado invariavelmente iria saborear um autentico churrasco e sorver um vinho envelhecido nos tonéis de carvalho. Ele merecia, afinal era rico., muito rico.

Comprou também um iate que ele deixaria atracado todo verão nas marinas de Mônaco, nas paradisíacas ilhas de Bali e Caribe. Como era bom ser milionário.

Na sua mesa somente pratos das mais finas gastronomias e, bebidas refinadas de todo o mundo. Nada de migalhas. Nunca, jamais. Ele ela rico afinal.

Contratou dezenas de lindas moças para serem as suas “assistentes”. Todas inteligentes, com fartos seios e bumbum proeminente. As suas beldades, as suas meninas.

E para finalizar o dia, comprou um palácio idêntico ao de Versalhes, com amplos salões, biblioteca ricamente mobiliada e adornada. Seu palácio possuia colunas multicores e pisos de mármore carrara, vasos de alabastro, lustres da Bavária e era intensamente perfumado com os mais finos incensos asiáticos.

Possuia ainda imensos jardins e bosques com plantas, flores e animais exóticos de todo o mundo. Era um luxo só. Ele podia. Era rico. Muito, muito rico.

E foi assim, comprando, administrando, cuidando das pessoas, cuidando de seu ego e das coisas materiais dos outros, que de repente ele voltou a ser um simples e pobre cidadão. Bastou conferir a aposta da Megasena e não ter acertado sequer um número. Ele voltaria a comprar tudo novamente e talvez em escala maior na próxima semana quando faria uma nova aposta. Ele não era rico. Ele era apenas perdulário. Perdulário de sonhos e sonhar as pessoas podem.

Guilhermino
Enviado por Guilhermino em 13/05/2009
Código do texto: T1591958
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.