Construí um ninho, ela, uma jaula

NINHO PRÉ-FABRICADO

Desde épocas remotas os ancestrais dos Homens, depois de devidamente “estabilizados emocionalmente”, resolvendo juntar suas escovas de dente de cerdas confeccionadas com pêlo de javali com suas fêmeas escolhidas a tapa, se coçavam pra arrumar um cafofo, uma biboca, uma Batcaverna, ou seja lá o que for, para naquele lugar habitarem, fazerem sexo, procriarem, quebrarem o pau e, desse modo, virarem o comentário dos vizinhos fofoqueiros da caverna ao lado...

Até hoje, mesmo com toda modernidade, as coisas não mudaram muito de figura: Quem casa quer casa! Ninguém quer morar próximo ou com parentes, pagar aluguel e essa porcariada toda. A gente inventou até movimentos com o intuito de conseguir a tão sonhada moradia, como é o caso do movimento dos Sem Teto...

Entre os animais, também se dá o mesmo “fenômeno”; e, puxando um pouco a brasa pra minha sardinha, isso se manifesta acentuadamente entre nós, os Pinguins... Depois que eu, com meu charme, garbo, elegância, malandragem e competência (ah, quase que eu esqueço da minha notória e imensa humildade) consegui conquistar o coração da minha Princesa, após derrotar o meu rival (ela era comprometida) numa disputa honesta, dura e acirrada, sendo eu forçado a me superar em todas as estratégias e planos de sedução que eu já conhecia; enquanto que o meu oponente, por sua vez, viajava despreocupado, deixando a Princesa carente e dando sopa pelos Chats da vida, sem que ele suspeitasse que existisse um Pinguim Galinha, ciscando em torno dos seus domínios e assediando sua dama...

Alguns animais, para atraírem suas respectivas fêmeas, emitem sons, grunhidos, pios, etc. Eu, que sou um Pinguim de Chat, para “hipnotizar” a Princesa também segui minha natureza selvagem: Comecei a colar “MIDI” na sala, procurando levar um papinho mais íntimo, umas mordidinhas e, de repente, touché! Acabei apaixonando a fêmea dos meus sonhos. O próximo passo a ser seguido seria arrastá-la pelos cabelos pro meu ninho, mas antes disso, eu precisava construir um ninho, aliás, um ninho, não! Teria que ser “O NINHO”, quase que um castelo pra abrigar o nosso amor! Meus amigos, arquitetura e engenharia nunca foram o meu forte, e meter a mão na massa também não é comigo. Se a espécie dos Pinguins dependesse dos meus predicados de construtor de ninhos para continuar a existir, com certeza estaria seriamente ameaçada de extinção.

Como eu sou uma mistura de Pinguim e carioca, eu tratei de ser esperto, e encontrar um ninho “pré-fabricado”. Ninho em Chat é denominado de sala, e sala para um casal que deseja namorar, ouvir música, fazer declarações mútuas de amor, tem que ser “desabitada”... Sem vida inteligente ou burra pra ficar pentelhando o casal apaixonado... De posse de um mapa, de uma lupa, um facão e uma paciência de monge tibetano, fui buscar meu lar doce lar... Como um verdadeiro bandeirante, fui desbravando e abrindo caminho no meio de um terreno inóspito, rude, perigoso, lamacento, com feras terríveis, ameaças desconhecidas e ferozes a espreita, me observando com olhos esfaimados, prontas pra me atacar, dilacerar meu corpinho, não tão sarado, mas um corpinho “bonitinho”, fofo, gostoso (Narciso se “espelhou” em mim pra padecer daquela doença dele... Rs.). Tá bom, tá bom! Eu super dimensionei a coisa toda. Mas se eu não valorizar o meu trabalho, quem é que vai? Eu confesso: só tive que abrir a página do Chat, “clicar” em cima da sala que eu queria e convidar a minha Princesa para adentrar nosso projeto de universo paralelo, mas a minha conexão é péssima, demora, tá? Custou à beça para eu conseguir abrir...

E foi assim, meus amigos, que surgiu a famigerada “Jaula” na minha história com a princesa... A princípio ela seria uma “cabana” para viver um grande amor, masss, em pouco tempo ela se transformou em uma cela, um ringue, um motel, um centro espírita, um forte, um botequim, uma apoteose de paixão, brigas, comédia e baixarias! Sem esquecer seu papel principal: O ninho de amor, montado com a missão de ser o ponto de encontro de duas Almas apaixonadas que, infelizmente, têm quilômetros de distâncias impedindo a reunião dos corpos, mas não a troca de carinhos em forma de palavras doces, de energia impregnada de sentimentos verdadeiros e apaixonados...

O nome “jaula” foi dado pela Princesa, afinal, eu ERA um Pinguim muito “dispersivo”, distraído, namorador, aventureiro... Bom, eu vivia dando as minhas escapulidas e ninguém conseguia me prender numa única sala, e foi somente quando eu me apaixonei por ela que eu passei a ficar na mesma salinha, cativo, prisioneiro e feliz da vida... Enfim, sosseguei meu rabinho emplumado.