Motivos da Traição

Filha única de um pai ignorante e machista, a ponto de sofrer uma grave doença por se recusar a fazer exame de próstata. Criada na rigidez da intolerância o pai não permitia uso de qualquer roupa com decotes, mesmo que este fosse mínimo, e não importando a idade da filha.

A mãe, no entanto, sofrendo quase as mesmas agruras da intolerância do pai, não deixou que a filha ficasse na ignorância e tratou de levá-la para escola.

Na escola, incentivada por uma pequena mais repleta biblioteca, a menina tomou gosto pelos livros e pela leitura. Os livros abriram definitivamente sua cabeça e mudou sua vida, entretanto, vivendo sob a guarda do pai e na sua dependência ainda era um passaro enjaulado.

Com 18 anos, já trabalhando, mas ainda morando com os pais, arrumou um namorado, que foi permitido pelo pai. O primeiro e único namorado, fazia planos de casar, principalmente para sair de casa e poder voar.

Bonita, inteligente trabalhava também na prefeitura local e tinha um grande respeito pela comunidade da cidade, o que era recíproco.

Passado algum tempo decidiram casar, o que aconteceu para sua felicidade e para sua liberdade.

O que não esperava era que esta liberdade não fosse se concretizar plenamente, pois o noivo que tinha um trabalho na cidade grande decidiu após o casamento em vez de levá-la para junto dele, deixá-la na cidade e vir de finais de semana.

Logo, era uma mulher casada, mas ainda morava com os pais já que o primeiro namorado, noivo e agora marido deixou-a na mesma condição.

Porém, casada, o pai maneirou, pois agora sua filha era uma mulher casada e responsável e esta liberdade conquistada, mesmo que na cidade pequena, foi uma vitória.

Mas aquela situação de liberdade quase irrestrita, não foi o que ela esperava, afinal após o casamento queria sair da cidade para morar com o marido.

Não tendo sido possível esta situação, começou então na própria cidade e na cidade vizinha onde estudava a ter liberdades que jamais tinha experimentado.

Foi quando esta liberdade e a frustração após seu casamento fizeram com que não resistisse às inúmeras oportunidades experimentada.

Não sabendo muito como lidar com aquela necessidade, com a carência teve um suposto caso, que cedo ou tarde chegou aos ouvidos da cidade pequena e do marido.

O marido inconformado deu fim ao recente casamento, culpando a mulher com os piores adjetivos possíveis, como se a culpa fosse dela.

Passado algum tempo, deitado a poeira, como se diz no interior, o marido orgulhoso como poucos, já com a alcunha de corno, decidiu dar uma chance à mulher, mas desta vez levou-a embora para junto dele, e com o tempo, mesmo não reconhecendo, sabia que o culpado de tudo foi ele.