SERÁ QUE FOI UM SONHO ?

O quarto estava na penumbra... E muito silencioso. Só se ouviam algum ruídos que ainda não se identificavam.Era branco,tinha várias máquinas com luzinhas piscando.O cheiro também era diferente do normal.

Tinha três camas, mas somente uma estava ocupada por uma moça muito pálida, inerte e ligada aos aparelhos por vários fios.Parecia não estar muito bem.

Júlia deteve-se. Como podia estar observando toda aquela cena? Parecia levitar sobre tudo. Assustou-se.

Olhou para um lado e viu várias pessoas conhecidas, mas que já tinham falecido. Entrou em pânico. Receosa olhou para o outro lado e que surpresa! Viu um homem de túnica branca acompanhado de sua mãe, também já falecida. A moça começou a preocupar-se com todo aquele mistério. Parecia que o caso era mais grave do que imaginava!

Sentiu um calafrio ao ver que o homem e sua mãe começaram a aproximar-se dela. A mãe abraçou-a ternamente de modo saudoso.

Julia sentiu-se protegida e numa paz indefinível, mas ao mesmo tempo queria saber o que tudo aquilo significava.

Perguntou à mãe e esta carinhosamente, falou-lhe para olhar com atenção para quem estava deitada naquela cama.

A moça fez o que a mãe lhe pediu e que choque! Era ela que estava lá!

Lembrou-se então que havia sido hospitalizada por ter passado mal, mas e agora? O que estava acontecendo?

Cada vez, Júlia ficava mais confusa.

Sentia-se muito bem, como há muito não se sentia.

Suas crises de bronquite, cada vez mais persistentes estavam sobrecarregando o seu coração e com isso dificultando o seu funcionamento, mas agora!... Que bênção! Estava excelente. Respirava normalmente e a dor no peito passara como por encanto. Sentia muita paz e uma alegria infinita.

Voltou a preocupar-se! O que estava fazendo ali,se o seu corpo,estava lá embaixo?

O homem de túnica branca falou-lhe que ali,ela era só o espírito que se liberara do seu corpo.

Julia ficou intrigada e disse:

Então já morri?

Mas o homem e sua mãe disseram-lhe que não. Tinha que retornar ao seu corpo. Ainda não tinha terminado a sua missão.

A moça ficou cheia de dúvidas, pois aquele lugar era muito tranqüilo, acolhedor, cheio de harmonia e estava se sentindo muito bem como há muito não se sentia! .

Começou a chorar, pois também queria ficar muito com a sua mãe de quem sentia muita falta.

A mãe de Julia pegou-lhe as mãos e olhando-a nos olhos, falou-lhe com suavidade que ela ainda tinha muito que realizar e que muitas pessoas ainda precisavam bastante da sua ajuda.

Agora Julia soluçava abraçada à mãe, pois justamente naquele dia de domingo,quando se sentiu muito mal,era o Dia das Mães e nessa data a moça sempre sentia uma saudade imensa!

A senhora ainda abraçada à filha falou-lhe que nada acontece por acaso. A moça desejou tanto vê-la que o encontro aconteceu, mas agora tinha que voltar. Era necessário. Ainda tinha muita vida pela frente.

Julia olhava para a mãe e para a outra pessoa que agora percebia nitidamente ser um anjo. Não queria retornar, mas sim ficar ali para sempre.

Os dois abraçaram-na e a mãe disse com muita ternura:

-Vai meu anjo, você ainda vai ser muito feliz! Estou cuidando da tua vida e do teu coração.

Julia sorriu conformada e disse o que sempre dizia quando estava doente:

-Podem deixar! Vou ficar novinha em folha!...

Despertou ainda com as palavras da mãe em seus ouvidos.

Achou graça daquele sonho ou será que foi real?

Ela estava naquele quarto e como na sua visão, monitorada aos aparelhos!

Tinha sido internada, justamente ao sentir-se mal com tanta saudade pelo Dia das Mães!

Até hoje esse fato é um mistério para Julia, mas lembra com clareza das palavras da mãe....E se estava realmente de volta, aproveitaria para completar a sua missão e ser muito feliz.