URUCUBACA

Você acredita em urucubaca? Pois pode acreditar, ela existe. E, quando pega, nem creolina te livra. Só há duas coisas a se fazer daí: realizar uma contra-urucubaca ou sentar e esperar passar. Não sou perito em contra-urucubaca, apenas ouvi por aí algumas táticas populares. Uma delas seria usada para se livrar da má-fase em relação às mulheres (coisa em que sou especialista. Em má-fase, não em mulheres). A técnica, segundo alguns entendidos, seria ir à balada e ficar com uma mulher feia – coisa que vai do gosto de cada um. Reza a lenda que é tiro-e-queda e no dia seguinte você vira o D. Juan.

Eu já sou mais da opinião de que urucubaca é urucubaca, não tem porquê nem quê, não escolhe cor, raça, credo e, quando vem, só basta esperar passar. É a velha história das vacas gordas e vacas magras. Ou seja, até faraó já passou por isso. E comigo sempre foi assim. Uma hora (dias, meses, anos...) está tudo bem, você está todo pimpão com suas conquistas – frequentes e aprovadas por todos – e, de repente, danou-se. Não chove mais uma polaquinha trevisaniana na sua horta. Não adianta tentar, não insista, é pedir para tomar corte atrás de corte.

Nessas épocas tudo, tudo mesmo, dá errado. Você é daqueles que nunca tem desejos fora de hora, mas, um dia, decide que quer tomar um café fresquinho... e o pó acabou. Você sai mais cedo de casa, mas o ônibus passa adiantado e você fica na esquina que nem bobo a olhar o bonde partir. O pneu fura, todos os semáforos se fecham, chove e você não tem guarda-chuva, o cachorro entra no seu quarto e mija no pé da cama. Uma desgraça.

Tem épocas que o negócio está tão ruim, mas tão ruim, que você pega o celular e pensa “bom, vamos apelar para antigos contatos”. Começa na letra A e vai... Fulana, namorando; beltrana, casada; sicrana, na Sibéria; a outra, descobriu que gosta também de mulher; a quinta, foi aquela que você xingou a mãe de carequinha quando o relacionamento acabou... até que você chega à letra Z sem achar uma alma para mandar aquela mensagem salvadora.

Por falar em mensagem, há o revés. Quem sabe não te ligam do nada, não é mesmo? Dizem que se fizer pensamento positivo funciona. Quer ver só, se tem uma coisa que me deixa louco é neguinho contando dinheiro na frente de pobre em plena urucubaca. Você está em um barzinho, numa roda de amigos, e todo mundo está no celular enviando mensagens às pencas. Ninguém nem conversa. Você chama o parceiro e ele “Peraí, não tá vendo que tô mandando uma mensagem, pô?!”

E é isso a noite inteira. Nessas horas, gente, o negócio é mentalizar, “Alguém vai me mandar uma mensagem, alguém vai me mandar uma mensagem...” que, quando menos se espera, o celular vibra. E quando vibra são momentos de apreensão. Todo mundo em volta – já carecas de saber da sua situação – te olha incrédulo. Você começa a suar frio, a imaginar coisas, “quem será, quem será?!” e... é a filha-da-puta da TIM te avisando de uma promoção nova. Eita, urucubaca!