Pinguim tem um "Book"

Todos nós, Homens ou Pinguins, pobres ou ricos, inteligentes ou ignorantes, temos algo do que nos arrepender, do que nos envergonhar... Situações que são verdadeiras máculas, manchas irremovíveis do nosso currículo (passado)... Por mais que o tempo passe, por mais que a vida nos brinde com momentos de alegria, de renovação e redenção dos "pecados" cometidos, não tem jeito: Quando nos encontramos a sós com nós mesmos, eles, os micos, como assombrações, vêm no meio da noite, no escuro dos nossos quartos e com carantonhas fosforescentes se aproximam, dão uma gargalhada estridente e demoníaca e, bem perto do nosso rosto pálido e espantadiço, dizem: "Eu sei o que você fez no verão passado!"

Vocês estão se perguntando por que eu citei o "Verão", correto? Acham que eu sou um louco? Acham que eu não vou conseguir sair dessa pergunta encalacradora?

Pois eu sei bem do que falo... É justamente no período do verão que muitos escolhem para tirar férias, passear, viajar, conhecer outros lugares... Também é nessa estação que acontecem as mais importantes festas do nosso calendário brasileiro, dentre elas o Natal, Reveillon e o "comprometedor" Carnaval...

Quem não tem uma história de um vexame, uma gafe, uma cagada fora do penico? Nesses períodos de festas o diabo faz a festa, você "incorpora", fica tomado por uma "entidade" que lhe faz cometer as maiores sandices e loucuras...Você não se controla, simplesmente faz a besteira... Mas isso não é nada, todos nós podemos cometer esses erros, o problema reside no fato de que sempre tem um filho da puta com uma câmara fotográfica ou uma filmadora para registrar o flagrante...

Quando é no trabalho, e acontecem as festas de encerramento, de confraternização, sempre tem o momento "retrospectiva" do ano que está se encerrando... Até aí tudo bem, se você não faz parte dos personagens que protagonizaram os momentos "enxovalhantes"... Mas tem sempre um desgraçado, filho de uma égua que vai mais longe... Um, dois, três, dez anos até chegar ao seu personal mico... Aquele que lhe pertence, aquele cuja paternidade é sua, mas você gostaria de esquecer... Talvez tenha sido um porre homérico, um "pagar peitinho ou cofrinho", um tombo na hora da dança, um flagra de você pegando a secretária do chefe num cantinho escuro, e um imbecil acende a luz porque não conseguia encontrar a caneta de estimação que a avó do corno tinha dado a ele...

Não tão diferente do que acontece no local de labuta, em família é a turma dos chatos nostálgicos, quem desenterra o passado... São seus próprios parentes, aqueles que deveriam lhe proteger e amar, os que mais lhe envergonham e avacalham... Como? Com aquelas fotos "engraçadinhas" de você criança vomitando, cagando no tapete, dormindo com a cara no prato de mingau, bebendo água do vaso sanitário, comendo terra e achando que a lesma do quintal da vovó é escargot... Ou na sua fase infanto juvenil quando você tinha ídolos que hoje você abomina, mas infelizmente existem documentos como fotos e fitas de VHS comprometedoras, que sua mãe ou sua avó cismam de passar ou mostrar quando você leva a sua namorada nova para conhecer a família...

Se, mesmo depois de ter assistido àquela videoteca dantesca e visto todas as fotos impublicáveis, a sua namorada não se decidir por sair correndo da sua vida, como consequência do plano diabólico engendrado por sua mãe ou avó pra fazer com que você não fique com aquela mocinha "desinibida" e mesmo assim vocês resolvem morar junto, aí começam as famosas fotos da vida em comum de um casal apaixonado... Inicia-se aí outra fase em que você vai sofrer, pois, principalmente as mulheres, adoram guardar aquelas fotos em que você, o "provedor", foi pego numa situação inusitada, ridícula e muito deprimente para fazer com que você se sinta patético... São fotos que ela, enquanto o namoro está de vento em popa, considera engraçadinhas, lindinhas, fofinhas, e ela não deleta ou não deixa você rasgar... Esconde a sete chaves... Todavia, quando vocês estão comendo o fígado um do outro, meus amigos, podem ter certeza, essas fotos irão ressurgir como um furúnculo purulento... E, se a separação entre vocês é inevitável, antes dela rasgar todas as suas fotos, ela vai mostrar as "bisonhas" para as amigas, e dizer com cara de desdém: "Como eu pude me apaixonar e me casar com uma criatura babaca como essa aqui na foto? Essa foi tirada quando estávamos de férias na Argentina, o cagão, frouxo, quase morreu de susto só porque viu uma barata voadora indo em direção a ele... Que bundão! kkkkk! Nunca entendi como um marmanjo daquele se desmunhecava por causa de um inseto insignificante... Como eu era iludida... "

Moral da história: Essas situações comprometedoras vão sempre acontecer, mas existem atitudes preventivas que podem ajudar a diminuir o impacto negativo... No trabalho, evite as festas, mesmo sendo taxado de anti-social, e se não conseguir evitá-las, não ingira nenhuma gota de álcool, não levante a bunda da cadeira e cubra o rosto fingindo que está lendo algo quando vierem lhe fotografar ou filmar... Em família, suborne um sobrinho mau caráter para que ele "subtraia" todas as fotos de infância que sua mãe tem e que são sempre sacadas quando da visita de suas namoradas... Já com seu novo par, seja malandro: Faça um álbum "dossiê" bem recheado com fotos bagaceiras dela, garantindo que ela sinta-se envergonhada de mostrar...