Pinguim distraído x “Haikaianos”

“Por que ninguém acredita na minha inocência”? Essa é a pergunta que minha mente não consegue deixar de fazer...

Meus caros leitores, eu sou Pingüim carioca, malandro, boa lábia, metido a sedutor... Aplico meus trambiques para garantir as sardinhas dos guris que ainda não nasceram, mas nada tão grave que desabone ou desqualifique a minha pessoa perante os demais! Se eu dou um passo errado, é mais por distração, por andar com a minha cabeça fixada na figura da minha Princesa, do que propriamente um mau-caratismo de minha parte! Olha, se eu não tivesse feito terapia, eu, com certeza, me sentiria um injustiçado e perseguido... Um grandioso que só terá o seu nome batizando uma importante avenida quando vier fazer a “passagem”! Eu me sinto vilipendiado pelo Estado, pelo Município, pela obra social lá do meu bairro! Eu só me agarro com nossa senhora dos pingüins “coitadinhos” para continuar tentando provar que eu valho alguma coisa; aliás, sou de um valor incalculável! Pena que talvez as pessoas tenham que perder para dimensionarem quem é o Pingüim! Eu poderia mudar meu nome para Vincent Pingüim Van Gogh, um grande talento subvalorizado enquanto vivo! Se eu tivesse orelhas, eu cortaria um pedaço de uma delas (graças a Deus Pingüim não tem orelhas)!

Foi com esses pensamentos sorumbáticos e pesarosos pululando meus pensamentos que eu resolvi tomar um porre de chocolate dias desses... Queria elevar o meu nível de serotonina com o intuito de sair da “bosta”; entretanto foi aí que eu me afundei nela... Comi uma caixa inteira de bombons enquanto digitava um texto para ser publicado do Recanto das Letras... Era um texto-desabafo, profundo, coeso, forte! Quase cinco páginas do “Word”! Eu estava realmente inspirado e produtivo no meu momento “Ó, a vida não presta!”... Quando a minha obra de arte estava pronta para ser exposta, de súbito, me deu uma dor de barriga por conta do tanto de chocolate que eu havia ingerido! Puta merda! Eu suava frio, sentia cólicas arrasadoras! Contorcia-me de dor e não via outra solução a não ser correr para o banheiro para descarregar minha segunda obra de arte do dia! Obra esta no estilo “barroco”, pois a quantidade de barro que girava dentro de mim me assemelhava a um caminhão-betoneira em funcionamento, mas antes de partir em retirada, eu tinha que publicar o meu texto; contudo eu ainda não tinha analisado se ele era uma crônica, um pensamento, um isso ou um aquilo, pois eu sou um escritor iniciante, um entusiasta... Eu olhei um nome que eu nunca tinha visto, um tal Haikai... Quando eu ia abrir para dar uma estudada, não agüentei... A “coisa” estava em vias de acontecer... Eu não pensei duas vezes, publiquei aquele catatau de palavras no Haikai e corri para o banheiro... Fiquei tanto tempo “entronado” que quando sai nem me lembrava mais do texto...

No dia seguinte, quando me recordei do dito cujo, eu fui dar uma olhada para ver se tinha que editar ou corrigir alguma coisa, e me vi surpreendido por uma penca de comentários logo abaixo do meu texto... Os “haicaianos” estavam estupefatos com a minha burrice e falta de sensibilidade... Alguns mais severos chegaram a me ameaçar com uma denuncia ao conselho interplanetário dos autores de Haikai... Quando eu vi aquela revolta toda, eu fui conferir o que era um Haikai...

Bom, o que eu posso dizer é que depois de ver e ler um poema Haikai eu me dei conta de que era o Pingüim certo com texto errado no lugar errado...

Desculpes meus colegas autores... Esse equívoco nunca mais vai se repetir... Eu sou do tipo que não lê o manual de instruções quando compra um produto...

Agora, eu juro por esse chão que eu piso: um dia eu ainda hei de ter capacidade de fazer um poema Haikai e ser um integrante respeitável do conselho interplanetário dos autores “haikaianos”!

Desculpem o vacilo... Prometo não mais atravessar a rua sem olhar, ok?