A Casa Colorida – Ali mora(va) o amor!...
 
Ficava em meu caminho. A casa. Todos os dias eu passava e a via. Era branca e engraçada. Uma porta e duas janelas. A porta era amarela. Brilhante como o sol de verão no zênite. Cada janela tinha uma cor: uma rosa e outra azul. O rosa bem forte e o azul também. As janelas se abriam para fora e em cada folha um coração vazado. Ali mora o amor, eu pensava. Todos os dias eu pensava a mesma coisa. Quando falava sobre ela eu dizia : a Casa colorida. Ao telefone, eu a desenhava no bloco de notas.  Eu a queria para mim. Sonhava com ela. Um pé de manacá. Havia um pé de manacá na frente no espaço entre as janelas. Lá atrás daquele morro tem um pé de manacá. Nois vai casá. Nóis vai pra lá. Cê que? (1) Eu ouvia a música que vinha do meu coração  e respondia: ora se quero meu amor.  O seu cheiro adocicado me acompanhava por um longo tempo. Ainda me acompanha, quando  relembro. Mas um dia, ela não estava mais lá. A casa. Foi o fogo. Fiquei sabendo: O coração rosa partiu deixando o coração azul partido. Ele não agüentou. Colocou fogo na casa . Nem o pé de manacá restou. O amor tinha morrido, o sonho acabado. O deles. E o meu também.

(1) Hervé Cordovil

Esta pequena crônica faz parte de um desafio entre recantistas, todos os textos publicados em crônicas com o mesmo tema.