É A MINHA MÂE!

Foi na década de 80, não lembro o ano. Eu trabalhava no antigo Instituto de Assistência ao Menor, em Curitiba. Tínhamos um sindicato e uma associação bastante atuantes. Decidimos fazer uma greve por melhores salários e condições de trabalho. Uma das atividades consistiu em uma passeata saindo da sede do Instituto, no Bairro Batel, até o Palácio do Goerno. O trajeto incluía uma famosa rua em Curitiba, a Vicente Machado. Minha tarefa consistia em animar os participantes cantando músicas lemas do movimento, entre as quais “Prá não dizer que não falei de flores” do Geraldo Vandré. Aconteceu que meu filho mais velho, na época adolescente, estava na casa de um amigo na Vicente Machado. Quando a passeata passou bem em frente da casa, o pai do amigo de meu filho, chamou os manifestantes de baderneiros, comunistas, irresponsáveis e outros adjetivos menos dignificantes. Nesse exato momento, vi meu filho e gritei o seu nome. O pai do amigo de meu filho perguntou quem era a baderneira e o meu garoto muito orgulhoso respondeu:

-É minha mãe!

Conceição Gomes