AMOR: UMA QUESTÃO DE INVESTIMENTO

AMOR: UMA QUESTÃO DE INVESTIMENTO

Laura Leal

Algumas pessoas têm aptidões inatas para serem amadas, como beleza, inteligência, graciosidade e simpatia. Existem atributos que são muito promissores para que um vínculo afetivo estável se instale entre duas pessoas: lealdade, senso de justiça, generosidade, afetividade, cumplicidade e gratidão, são verdadeiras pedras de toque! Tudo isso ancorado numa forte atração sensual recíproca e em uma sintonia de interesses intelectuais estimulantes, constituem sólidos elementos que aumentam a chance de êxito no amor.

Trata-se de um cenário ideal que nem sempre ocorre entre duas pessoas que estão juntas em um relacionamento. Muitos conflitos e impasses nas relações surgem porque um dos dois, ou os dois, não observam que algumas de suas posturas não colaboram para o bom entrosamento e a preservação do sentimento positivo que o outro lhe concede.

Investir no amor é aplicar nosso mais sensível e profundo sentimento, àquele que mais pode nos trazer felicidade, segurança, prazer e aconchego. Mas que também pode nos levar ao inferno do sofrimento, da dor e, em uma situação limite, ao desespero. Por isso, quem tem o mínimo de saúde psíquica e alguma experiência escolhe bem onde aplicar esse sentimento, não se deixando arrastar apenas por atrações superficiais, sem avaliar melhor onde realmente está entrando. Pois não se pode eleger a beleza ou o tesão, como critérios exclusivos para representar uma pessoa.

Cada pessoa deve ter seus critérios e também olhar para si mesma e verificar se, aos olhos alheios, tem predicados para obter algum “grau de investimento” . É isso mesmo! Se no mundo das finanças há indicadores que dão conta se um país ou uma empresa podem receber “grau de investimento”, em um relacionamento, embora com variáveis mais complexas é o mesmo processo. Sigmund Freud já usava o termo investimento para designar a cota de libido e de afeto que dedicamos a outras pessoas.

É claro que não se trata de um código que se possa generalizar, ou um cardápio de boas intenções ou ações. Mas de um cuidado consigo e de uma ética para com o outro.

E não adianta fingir. Trata-se de um trabalho ético, de sinceridade para consigo mesmo, de suportar a verdade a respeito dos próprios desacertos, e o que daí pode gerar um crescimento, no sentido de estar melhor consigo e com o outro. E digo mais, em casos de fracassos seguidos no amor, essa tarefa de crescimento vai precisar do auxílio de um terapeuta.

Homens e mulheres, sem perceber, podem estar presos em armadilhas criadas por si mesmos. O fato determina atitudes contraditórias estranhas. É aquele “galinha” , que não abre mão das conquistas, mas vive se lamentando por não achar seu amor; ou aquela mulher agressiva, possessiva e competitiva, que vive desprezando e humilhando os homens, mas não pára de se queixar de que não consegue manter um amor.

No mundo atual, algumas pessoas não querem abrir mão de sua vida a dois, nem de sua vida com todo mundo. Quantas pessoas não anseiam em encontrar sua cara-metade, mas não conseguem ser mais generosas? Esquecem que não são mais crianças, que os outros não são seus pais, muito menos meros objetos de prazer.

O bom mesmo é ter competência para investir em um amor que aquece, inspira poesias, intensifica a beleza e transborda pelo olhar.

Laura Leal
Enviado por Laura Leal em 03/06/2009
Código do texto: T1629780