O CONCURSEIRO.

Hoje amanheci num dilema.

Tenho um concurso marcado pra daqui a uma semana.

Não agüento mais estudar.

Sinto-me com a paciência esgotada,

a alma calejada

mas preciso estudar,

preciso de estabilidade,

só o emprego público pode me proporcionar.

Esse pequeno texto que até rimou e ficou parecendo poesia, fez parte do meu dia a dia por cinco anos, dividido em duas épocas totalmente distintas. A primeira, entre as décadas de 70 e 80, ocasião em que fiz apenas cinco concursos e fui aprovado em dois. Oito anos de IBGE e quinze de Banco do Brasil fizeram de mim um homem confiante, julgava-me preparado para enfrentar o mundo dos negócios. Não pensei duas vezes, aventurei-me na iniciativa privada. Lá se foram onze anos e voltei a ser CONCURSEIRO.

Ano de 2005, encontrei um mundo em transição entre o analógico e o digital, entre a matemática e o raciocínio lógico e uma concorrência desumana, tinha que ser o melhor entre milhares. Somente depois de três anos estudando em média de 5 até 8 horas por dia, inclusive aos domingos e feriados, comecei a colher os primeiros frutos.

Todo esse tempo fui considerado um ser diferente, antipático que só falava em estudar, não ia ao cinema, não bebia, dormia cedo enfim vivia num mundo de sacrifício e de muitas frustrações causadas pelas inúmeras reprovações. Fiz mais 21 concursos, em vários estados desse imenso Brasil, logrei êxito em 03. Estou na iminência de ser convocado para assumir um que atende a minha expectativa profissional e salarial, talvez o último, afinal já estou com 56 anos.

Sinto-me feliz e recompensado, agradeço aos meus patrocinadores(meus filhos, minha mãe e meus irmãos) e a paciência e o carinho da minha esposa.Valeu a pena não desistir.

Chiquinho
Enviado por Chiquinho em 10/06/2009
Reeditado em 10/06/2009
Código do texto: T1642134
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