Só para nós

... E o ônibus parou em mais um ponto. Os lábios tremem, as pernas se apertam.

_ Não entra ninguém, não senta aqui.

Eis que um ser vem andando em minha direção com aquela cara de quem vai dar uma sentença de morte à um inocente. Eu, em pânico, numa guerra sem minha armas, penso rápido no que poderia fazer em momento de tanto desespero.....Tento me defender... E tenho a brilhante idéia de deixar a bolsa dar uma “caidinha” no banco ao meu lado, abro um pouco as pernas pro banco ao lado ficar “menor”. Como sempre sentada no banco do corredor para evitar intrusos ao meu lado.

E o homem bem próximo de mim, com aquela cara de torturador:

_ Dá licença?

Por que?! por que?! Por que eu?! Tantos bancos vazios no ônibus, por que aqui, logo ao meu lado?!

Meio acanhada, sem coragem de encarar aquele “órgão repressor”, viro minhas pernas para que o maldito cara se sente do meu inútil lado.

Hoje, logo hoje, o ônibus resolve balançar mais para que o moço “rale” em mim. O homem se aconchega e abre as pernas...

Deeeeus que castigo, nunca meu ponto demorou tanto pra chegar.

Piiii ( parada solicitada )

Ainda bem que essa tortura, esse suplicio acabou!!!

Levanto-me do banco, com as pernas tremulas o rosto suado e com aquele alivio que parece limpar a alma.

_Cheguei! Cheguei!

Desço as escadas me segurando pra não tropeçar em minha ânsia de sair daquilo.

_ Brigada!

_ De nada.

Então a porta daquela maldita máquina de tortura se fecha e vai embora lentamente.

_ Ufa!!

Sara Pexii
Enviado por Sara Pexii em 28/05/2006
Reeditado em 28/05/2006
Código do texto: T164749