No almoço de domingo (3)
 
Foi um fim de semana gelado, mas ao mesmo tempo muito gostoso. Quando a casa fica cheia sinto a vida renovar. Aproveitando o feriadão, acho que o último deste ano repleto de enforcamentos, Fabiana veio de Campinas, de Três Corações, Neuza, Jamil, Tatiana e Guilherme. Lig, só uma passadinha, mas valeu para matar a saudade. Assim, no sábado fomos todos almoçar na casa de Lucas e Vera que convidaram também Messias, Raquel e Gabriel. Não sei por que eu estava especialmente alegre e ri e conversei muito. Bebi também. Um vinho tinto de primeira linha. O que, juntando o frio e a boa comida acabou foi me dando um sono daqueles. Logo, logo eu estava espichada no sofá da sala íntima e a primeira vez que abri os olhos estavam lá o Jamil e o Lucas também. Fechei outra vez. Tempos e tempos depois abri de novo e lá só estava a dona da casa, de pijama e cobertor. Onde estão os outros? Perguntei. Já tinham ido não sem antes tentarem me acordar porque alguns eram meus caronas. Levantei-me correndo e ao passar pelo quarto do André vi outra dormindo também. Era a Marilda que acordou com muita dificuldade. Apesar de ser noite coloquei meus óculos escuros porque também são de grau. Mesmo assim estava uma escuridão total e nem sei como cheguei em casa. Bom, logo fui deitar, mas hoje me levantei a tempo para preparar o almoço.
             O almoço ficou uma delícia. Eu mesma me espanto com minhas habilidades culinárias. Faz muito pouco que descobri esse prazer – o de cozinhar – e ainda hoje pessoas que me conheceram a vida inteira não acreditam que eu ao menos entre na cozinha. Já me acostumei com isso – eu sou um espanto mesmo. Atrasada, atrasada... Faço tudo fora de hora.  Mas o que são as horas se não uma convenção? Fico muito brava quando ouço pessoas falando: no meu tempo... Porque para mim o tempo é agora.
 
              Bem, voltando à cozinha, hoje sem vinho, porque uns não agüentariam e outros iriam viajar logo. Uma comida simples. Arroz branco. O feijão que já estava pronto, porque Jamil não come sem. E, o Bacalhau à Braz.
 
           Fiz uma pesquisa e entre mil e uma receitas escolhi uma básica. O bacalhau comprado desfiado já estava a minha espera, dessalgado. Piquei cebolas em meias rodelas, piquei dentes de alho e coloquei-os em uma panela para fritar no azeite. Quando as cebolas amaciaram e alouraram, coloquei o bacalhau e deixei fritar, misturando-o bem com a cebola e o alho. Antes já havia secado  o bacalhau, mas mesmo assim ele solta um pouco de água então é preciso esperar que ela evapore: não mais de dez minutos. Aí coloquei um tanto bom de batata palha, ovos mexidos e  deixei que cozinhassem, bem misturados,  coloquei cheiro verde, desliguei o fogo e coloquei o resto da batata. Mexi bem, passei para uma travessa e coloquei azeitonas pretas. Almoçaram nove pessoas em volta da mesa da cozinha que é onde gosto de servir o almoço. Pelo jeito a receita foi aprovada. (almoço de 14 de junho de 2009)