Está faltando "SEMANCOL" no mercado

Acho um absurdo o que as pessoas estão fazendo, para tentar levar vantagem, chamar a atenção ou simplesmente incomodar os outros, o famoso “espírito de porco”, tenho um colega que sempre reclama do seu vizinho, que além de mal educado, não trabalha e ouve o som na maior altura, sem se importar com o dia e o horário.

E isso já acontece há mais de dois anos, opções não faltaram para procurar resolver o problema, conversar não adiantou envolver a polícia, também não (eles tem coisas mais importantes para resolver), tentar fingir que não ouve nada, não tem como, fechar a sua casa, no inverno pode até resolver, mas no verão...

Cansado de procurar alguma solução, em uma dessas noites de insônia, devido ao barulho, teve uma ideia que até ele mesmo achou estranha, contou a sua mulher, que não levou muito a sério e até riu, no entanto pensou bem e decidido resolveu colocar o seu plano em ação.

Para isso precisaria da ajuda de sua esposa, que um pouco contrariada e uns bons palavrões, aceitou participar. Durante o dia, enquanto ele estivesse trabalhando, ela deveria anotar todas as músicas que conseguisse identificar e escutar o que eles, o casal, diziam, ele, por sua vez ao chegar do trabalho faria o mesmo, enquanto sua mulher fazia o lanche (não tinham o hábito de jantar), e assim fez durante uns quinze dias.

Só que, o seu roteiro, só teria êxito, se ele comprasse um som bom e potente, para no mínimo equiparar os volumes, e sacrificando o orçamento de casa, foi as Casas Bahia e comprou o eletroeletrônico, o que causou uma leve discussão em casa, contudo para ele nada impediria que completasse, digamos, a sua “vingança”.

Com as músicas em mãos, bastava apenas ir a uma barraca do camelô, descobrir os cantores e comprar os CDs, e assim fez, chegou em casa com uns vinte CDs na sacola, de tudo quanto é ritmo, passando por forró, funk, sertanejo, rap, rock, putz-putz, agora faltava colocar em ação o programa proposto, e esperou o fim de semana.

Chegava o sábado, acordou mais cedo que o costume em seus dias de folga, acendeu a churrasqueira, trouxe o aparelho para fora junto com os CDs e aguardou o momento que o seu vizinho liga-se o som dele, não passou dez minutos e começou a “zuada” do outro lado, prestou a atenção no cantor e pôs em prática, colocou o mesmo cantor no seu som e no último volume o ligou.

A cada nova música do outro lado, ele repetia deste, permaneceu assim o dia todo, praticamente até o horário permitido, do outro lado silêncio total, do lado de cá, muita bagunça, barulho, e gritaria, chegaram ao ponto de exagerarem e transarem na beira do muro com direito a muitos gemidos.

E sucessivamente continuou com a “intriga”, por um bom tempo, até que um dia o seu vizinho, tocou a sua campainha, ele educadamente atendeu, porém com o som ligado e no último volume, o seu vizinho tentou argumentar alguma coisa mais ficou incompreensível, irritado foi embora batendo o pé, decorrido seis meses do início do seu plano (com direito a uma férias do seu trabalho, onde todos os dias fazia a mesma coisa), e percebendo que a cada dia o seu vizinho já colocava as músicas em volume baixo, manteve o seu como estava.

Indignado, pois resolvera trabalhar, o seu vizinho veio novamente tentar alguma conversa com ele, com bom humor e esportividade, disse que até poderia diminuir o volume e o barulho, porém para fazer isso, precisava comprar algo que não achava no mercado e que muitas vezes o indicou para ele procurar, curioso o vizinho perguntou o que era, e prontamente ele respondeu “SEMANCOL”.

Regor Illesac
Enviado por Regor Illesac em 22/06/2009
Código do texto: T1660858
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