O COMEÇO DO FIM.

Coxim-Mato Grosso do Sul, terra do “Pé de Cedro” do saudoso poeta Zacarias Mourão. Na época do descobrimento era habitada pelos índios bororos, que ali se fartavam de peixes e caju nativo. O Rio Taquari banha a cidade de Coxim logo após receber o seu principal afluente, o Rio Coxim.

O Rio Taquari nasce na divisa de Goiás, região de Alto Araguaia e percorre um longo trecho até chegar a Coxim, nesse percurso começa a sua morte, mansa e silenciosa, ninguém ouve o seu gemido de agonia. As fazendas de gado, de lavoura, o garimpo no rio Jauru - um de seus afluentes - fazem às vezes do carrasco.

O Rio Coxim é formado na região de Camapuã e São Gabriel do Oeste no coração de Mato Grosso do Sul. São Gabriel do Oeste surgiu na década de 70. Naquele período imensas lavouras de café substituíram o cerrado da região. Os gaúchos com suas máquinas poderosas, em nome do progresso, jogaram por terra nossos pés de piquis, jatobás, ipês e a mais deliciosa fruta do cerrado sul-matogrossense – a guavira. Hoje, as lavouras de milho e soja “protegem” as nascente do rio. Na cidade de Coxim, o Rio chega cansado, transportando uma imensidão de areia e resíduos químicos e passa o fardo para o Taquari que alguns metros adiante recebe a descarga da cidade e transporta tudo para o pantanal.

Rio Coxim e Taquari, outrora considerados entre os mais piscosos do País, hoje sem seus peixes, agonizam, pedem socorro e ninguém ouve. Não é preciso ser especialista no assunto para saber que basta proteger as suas margens com plantas nativas e proibir a pesca por um determinado tempo que a natureza se encarrega de lhes devolver a vida. Mas quem deve tomar a iniciativa? Aonde andam os filhos ilustres dessa terra? Zacarias que sempre enalteceu esse rincão com admiração, alegria e saudade, certamente, hoje choraria de tristeza vendo a sua destruição.