Da terrinha, IV - Feijão tropeiro, no rancho do Santo...

Da terrinha, IV - Feijão tropeiro, no rancho do Santo...

Para ir ao rancho do Santo, é preciso passar pelas terras do Dr. Geraldo, um tipo urbano e simpático, que foge do perfil de fazendeiro, se constituindo num empresário rural.

Em suas terras, além do gado leiteiro de alta produtividade, também pratica a agricultura de ponta, com a utilização de irrigação mecânica e tudo o mais, nas lavouras de feijão e, tomate rasteiro - utilizado na indústria de extratos.

Por volta de agosto, o Dr. Geraldo estava cultivando feijão irrigado e, a safra prometia ser das melhores.

Certo dia Santo e uma boa turma ia indo para o rancho. Não resistiram em parar na estrada pra colher umas vagens de vez do legume, para fazer feijão tropeiro - e, claro, não esqueceram de pegar um pouco de tomate rasteiro, que fica durinho quando maduro - excelente para o tira-gosto.

Já era de noitinha, quando o tropeiro ficou pronto. Com o som do violão e das músicas, Dr. Geraldo foi lá, pra pegar visitar a turma. Foi entrando no rancho e, cumprimentando todo mundo, com seu jeito popular e animado. Quando chegou na cozinha, para cumprimentar o cozinheiro, porém, notou as cascas das vagens do feijão de vez.

Foi logo perguntando com seu jeito sestroso e sotaque nordestino: "Santo, esse feijão não foi pego na minha lavoura não, né? Porque, olhe, Santo, bati muito veneno naquele feijão!"

Santo, meio apertado, bateu firme na informação de que o feijão tinha vindo da cidade. E o outro respondeu, com o olhar desconfiado: "Então, tá certo. Porque aquele feijão da roça não pode ser consumido ainda, pois bati veneno nele, dias atrás..." E Santo, não arredou pé da origem do feijão...

Ficou aquele sem-gração no ar, mas o feijão tropeiro que estava sendo preparado pelo Gerônimo Ypioca (sobre quem também já publiquei uma crônica aqui) cheirava cada vez mais.

Quando ficou pronta a comida, a turma avançou para os pratos e talheres, prontos para o banquete pantagruélico. Santo convidou o Dr. Geraldo que, ficou meio sem jeito, inicialmente, mas, depois, também pegou um prato e, foi pra cozinha se servir.

Dentro da cozinha, ele sentenciou: "Bom, Santo, se esse feijão não foi pego na minha roça e, por isso, não tem veneno, então não tem perigo. A gente pode comer tranquilo!..."

E fartou-se com uma senhora pratada do feijão de sua produção.