Cadê Bartolomeu?

Seis e cinqüenta da manhã. O despertador já me tirou da cama.

Estou a caminho da cozinha e já posso escutar o Bartolomeu chamando na varanda. Nunca se atrasa, faça chuva ou sol. Neste horário ele está na escada chamando e esperando seu potinho ser abarrotado de ração.

Não é exigente, quando a preguiça bate na dona depois de acabar a ração (em pleno fim de semana), pode ser até a dos cachorros. Bartô come sem reclamar.

Dá uma ronronada de agradecimento e acha sua caminha. Cansado das peripécias noturnas ele dorme até as onze horas. Sempre assim todos os dias.

Segunda pela manhã. Seis e cinqüenta. Nem um miado, nem um breve sinal. Abro a porta, espio sua caixinha. Nada.

Olho para cima. Tem vezes que o danado está atrasado. Mas logo surge todo animado pulando do telhado do escritório para a varanda. Porém nem sombra dele.

É estranho eu penso. Bartô sempre aparece.

A rotina se instala. Todos da família tomam seus rumos. Escola, trabalho. Café e zero hora. A manhã vai passando morosamente. E o almoço já perfuma toda a cozinha, a varanda e até o corredor.

Seria um eficaz chamarisco para o Bartô finalmente aparecer. Mas mesmo assim nem sinal de Bartolomeu.

Cinco dias se passaram. Meu coração bate apressado quando caminho vagarosamente para a cozinha. Abro a porta bem devagarzinho. Dou uma olhadinha para a caixinha de Bartolomeu.

Nada. Cinco dias... Cadê Bartolomeu?