Entre o Mel & o Fel...

Meu marido e eu após a cerimônia do nosso tão sonhado casamento partimos rumo a uma pequena cidade no Sul do Pará. Em tempos de vacas magras, não dava pra nem ao menos pensar em coisa melhor!... Eu Atriz em inicio de carreira, ele Gestor de Empresa, sem trabalho. Após nos instalar da melhor forma possível passamos a nossa primeira noite de sonhos, fortalecendo os nossos belos planos de um futuro maravilhoso e vida longa, juntos, é claro!...

No dia seguinte fomos ao supermercado, afinal de contas estávamos precisando nos alimentar bem, sabe como é, lua de mel!...

Ao descer do carro em frente ao supermercado, percebi que o semblante dele se abriu, é claro que eu quis logo saber o que foi; ele fez um sinal bem discreto mostrando-me um homem na porta do dito supermercado e falou-me ser um comerciante de Goiânia o qual já o conhecia a algum tempo e, para o mesmo já havia feito consultoria.

Bem, eu vi um Empresário a minha frente; meu marido, porém viu uma oportunidade de trabalho, deduzi isso imediatamente.

Ele dirigiu-se ao senhor com um sorriso que ia de uma orelha a outra, cumprimentou-lhe apertando a mão e falando alegremente com aquele sotaque que me deixou apaixonada desde a primeira vez que o ouvi; falando rapidamente, como é típico dos lusitanos.

- Caraças, que coincidência!... Já tem um tempão que não nos vemos, queria mesmo te ver. – Falou o meu marido.

- É verdade cara, tem um bom tempo, precisamos sentar pra conversar.

O sorriso de felicidade no rosto do meu marido cresceu visivelmente e, rapidamente perguntou:

- Onde nos encontramos?

- No motel!... – Respondeu o cara sem nem um constrangimento. As pessoas em volta nos olharam de forma estranha; teve uns que cutucaram no outro, tentando segurar o sorriso; meu marido vermelho, parecendo um camarão descascado, tentando disfarçar, me olhou desconfiado enquanto eu soltava fumaça pelos olhos, ouvidos e narinas. Não falei nada, pois a minha educação não permitiu falar tudo que veio a mente, por isso fiquei engasgada.

Eles se despediram e entramos no supermercado, mas já não consegui lembrar o que planejávamos comprar; disfarcei o máximo que pude afinal vovó falava que quem quer pegar galinha não diz xô. Sem muita coisa falar entramos no carro e saímos, ele que sempre gostou de correr, naquele dia parecia querer voar; dez minutos depois, após atravessarmos um pequeno trecho de estrada deserta, paramos em frente a um casarão muito bonito e luxuoso, com luzes luminosas no alto da parede. Ele parou o carro, pegou em minha mão e falou:

- É aqui Bebê, vamos descer?...

Fiquei olhando meio desconfiada, não sabia direito o que falar ou fazer; pensei no que diria mamãe de soubesse daquilo. Isso é claro, se eu ainda tivesse uma mãe!... E o papai?... O que o papai iria dizer se viesse, a saber, de uma coisa como essa? Aí é que são elas, pois esse eu nem cheguei a conhecer, morreu eu ainda era um bebê. Diante disso dei um sorriso amarelo e aceitei o convite, resolvi a descer. Instruídos pela recepcionista fomos a um escritório dentro daquele casarão; o homem estava muito bem instalado e contente, parecia um presidente e, para nos recepcionar, levantou-se rapidamente.

- Minha esposa e meus filhos!... – Disse ele, apontando em direção a três pessoas a sua frente. E a elas falou: - Esse é o senhor de que lhes falei; ele vai nos prestar Serviços de Consultoria. Irá fazer o controle das despesas e receitas do nosso motel.

Ufa!... Nessa hora respirei aliviada, ainda bem que não falei tudo o que havia pensado!...

Cícera Maria
Enviado por Cícera Maria em 07/07/2009
Reeditado em 09/07/2009
Código do texto: T1686273
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