COISAS DO ALÉM.

Minha tia Ursulina, irmã do meu avô paterno, sempre tinha uma terrível dor de dente, naquela época – ano de 1950 - o remédio era 100% caseiro, bochechos com salmoura, gotas de querosene no dente cariado ou procurava-se uma benzedeira mais próxima para tentar o reestabelecimento da saúde bucal. Dentista era coisa de gente rica e de cidade grande.

O intrigante era que ela tinha os dentes todos perfeitos, mas doía. A coitada gritava de dor e chegava até a falar coisas estranhas que ninguém da casa entendia. Certa vez, num momento de dor, chegou a pedir lápis e papel e escreveu um monte de palavras desconhecidas que nem ela mesma sabia o significado. E assim foi por um bom tempo. Os parentes achavam que ela estava ficando louca.

Um dia, minha bisavó contou a história para uma amiga da família e ela imediatamente sugeriu que a levassem a um centro espírita - doutrina de Alan Kardec - e assim foi feito.

O médium ( pessoas que se comunica com os espíritos) fez a “consulta”, e diagnosticou o seguinte: “ você tem um espírito que te acompanha- um africano- e ele esta tentando comunicar-se com os vivos através da sua pessoa, tudo que você falou e escreveu quando sentia dor esta na língua africana. Verifique cuidadosamente suas fotografias que em uma delas ele está presente.”

Realmente, em uma foto, ainda em preto e branco, estava o negão. Seu rosto, um colar de dente de animais em seu pescoço, os lábios carnudos, nariz achatado e um semblante manso e nítido, estava ali e nunca haviam percebido. Quando minha tia contou-me essa história, é claro, não acreditei, mas foi só até ver a foto. Essa foto ficou comigo por muitos anos até emprestá-la para uma amiga. A tia Ursulina faleceu em 2007, com seus 80 anos. Ah! O dente! A partir do “diagnóstico” do médium, nunca mais doeu.

Chiquinho
Enviado por Chiquinho em 08/07/2009
Reeditado em 08/07/2009
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