Imunidade emocional, uma historinha de amor...

Ele ainda estava abalado com o fim do relacionamento, que durou exatamente três anos, 47 dias e as primeiras nove horas daquele sábado. Foi por isso que mal sabia o que fazer depois daquela briga em que falaram palavras que nada tinham a ver com o que realmente sentiam, machucando tanto quanto aqueles olhar que passavam uma sensação de fim de um amor que parecia eterno.

Caco, sentado sobre a cama ainda revirada pela noite de amor, refletia sobre o futuro e lhe perpassava o pensamento uma indagação que ia consumindo seu coração.

Mais uma vez, ela o deixava após uma cena de ciúmes totalmente desnecessária e o obrigava a dizer que não existia mais amor em seu peito. Estupidamente, ele assumira. Simplesmente porque não conseguia mais ser forte em meio à discussão. Demonstrou fraqueza e não sabia como recuperar-se. Pensava em ligar, mas o orgulho não deixava. Matutava que não poderia mais uma vez ser ele a correr atrás, sem nem ao menos lembrar que na noite passada havia dado motivos para o ciúme de Paula se manifestar ao aceitar uma dança com uma ex...

Paula retornava para casa com os cabelos por arrumar, saiu tão apressadamente da casa de Caco que até esqueceu de pegar metade de suas sacolas, que sempre levava junto para passar o final de semana na casa do amado. Em seu íntimo, se culpava por ter provocado a briga por uma cena que sabia ser incapaz de destruir a paixão que existia no namoro. Mas sua imunidade emocional andava tão abalada nos últimos dias que não conseguia segurar as críticas e nem olhar nos olhos de Caco para ver a realidade. Provas, trabalho e falta de diálogo, tudo contribuiu para que o coração dela fosse se apequenando e cada vez mais parecia que Caco não a entendia...

Prometeu que não ligaria para ele, mas não suportaria muito tempo, sabia que não conseguiria chegar à sua casa e ver as velhas fotos, que mostravam a felicidade de outrora, ou achar os presentes e recadinhos que ele costumava deixar para ela. Resolveu parar em meio ao caminho, justamente na rua do primeiro beijo. Seu telefone tocou, pensou ser Caco. Uma notícia triste lhe assombrou o espírito. Caco havia saído de casa correndo para encontrá-la e fora atropelado. Desesperada, Paula corre para apanhar um táxi e ao chegar à emergência encontra Caco, seu corpo coberto de sangue, uma perna quebrada e as mãos machucadas com um pequeno papel que não queria soltar de jeito nenhum Paula se aproximou e o papel caiu das suas mãos, era uma foto deles onde comemoravam seu primeiro ano de amor em um jantar à luz de velas. Lágrimas nos olhos de Caco e poucas palavras antes de entrar para a sala de cirurgia. “Paulinha, eu nunca deixei de te amar”.