Mulheres machistas

     Alessandra Castro - que torço para que tenha nascido aqui mesmo, para que mais se justifique a condição de "Capital Cultural do Brasil," modernamente atribuída a São Luís do Maranhão que, no passado, já foi conhecida também como "Athenas Brasileira" - é uma jornalista de linguagem enxuta e deliciosa, recheada de refinado humor e ironia. Sou leitor assíduo da coluna "Um pouco de tudo" que ela assina nas edições dominicais do "Jornal O Estado do Maranhão".
     Eu sempre desconfiei que as mulheres eram machistas e que gostavam tanto umas das outras quanto gostam de futebol e dos companheiros de copo do seu homem, mas, ao ler a  crônica de Alessandra Castro, de hoje,  dia 12 de julho de 2009, tive certeza disso. Por isso não resisti: tive que tirar uma cópia para repassá-la a vocês. Tenham uma boa leitura!
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Meio pseudo-feminista

     Chegava a ser irritante o modo como defendia as mulheres e seus direitos sempre que ouvia uma frase machista, mas com o tempo fui me cansando de tanto perceber como grande parte das mulheres são machistas também e enaltecem os homens como se fossem deuses a serem cultuados.
     Por que precisamos do feminismo? Porque as mulheres são desunidas naturalmente e a classe será esmagada se umas poucas não lutarem pelos seus direitos.
     Por que precisamos combater o machismo? Porque o machismo é quase natural nos homens e algo tão fortemente enraizado que é como um instinto. Sem contar que, em oposição às mulheres, homens se protegem uns aos outros de uma forma magnífica e invejável mesmo.
     O homem é um animal bem mais simples. Ele não dirige sua raiva ou desejo de competição de forma generalizada, prefere atacar diretamente o outro macho que o está ameaçando. Já no mundo feminino a regra é aniquilar com todas as outras, da hora que acorda até a hora de dormir. É uma competição louca e desvairada para ser a mais bela, a mais percebida, a mais inteligente, a mais capaz e com isso elas saem "atirando" para todos os lados de forma descontrolada e covarde. É uma raça que não ataca de frente, minam o campo de batalha para que a outra seja explodida quando menos espera.
     Dizer que todas são assim seria estupidez, mas parece que é algo que brota do útero e que precisa ser controlado. Poucas conseguem tal façanha. Particularmente, estranho demais essa guerra e tento fugir das armadilhas da minha própria mente. Porém, vez ou outra me pego arquitetando planos do cebolinha para ser a mais bonita, a mais sexy, divertida ... Enfim, esse é um movimento meio que natural na mulher.
     Algumas vezes batalhei para que o direito de algumas fosse preservado. O que recebi em troca? Elas se colocando contra mim em favor dos homens. Então dane-se! Essencialmente sempre serei uma feminista quando isso for realmente necessário, mas no geral me cansei de ficar trabalhando isso no dia a dia. Lutarei pelo meu direito de mulher, mas não vou tentar unir uma classe que é completamente desunida e se algumas quiserem se juntar a mim nessa batalha (que sempre terá) acharei ótimo. Só que exijo total obediência. Pois sou a mais poderosa, descolada, confiante, charmosa ...

(Alessandra Castro, Jornal O Estado do Maranhão, edição de 12 de julho de 2009)

Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 12/07/2009
Reeditado em 12/07/2009
Código do texto: T1695444
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