Diálogo impertinente

_Ops, queira desculpar.

_ Não, não desculpo não!

_ Como?

_ Não como nada, só não desculpo.

_ Mas foi só um esbarrão.

_ A calçada é enorme, tinha que passar justamente do meu lado?

_ Bom, você também poderia ter se afastado de mim.

_ Primeiro: você uma ova, é senhor! Ouviu, senhor!

_ Mas você, quer dizer, o senhor tem pelo menos vinte anos a menos do que eu, o que pelo meus cálculos significa que vo..., o senhor tem uns quinze anos.

_ Agora quer dar uma de matemático! Dezesseis incompletos, e de mais a mais, respeito tem idade?

- Não, mas...

_ Então é senhor e estamos conversados.

_ Muito bem, então por que o senhor não me desculpa pelo esbarrão?

_ Porque não quero e pronto!

_ Porque não, não é resposta.

_ É sim, só tenho quinze anos, não preciso de mais motivos.

_ Não eram dezesseis incompletos?

_ Que perfazem quinze não é mesmo?

_ Sim mas...

_ Sem mais, você esta me atrasando! Eu tenho curso sabia?

_ Não, não sabia. E, veja bem, para o senhor também não é você, é senhor, ouviu, quero ser tratado por senhor.

_ Querer não é poder. E você é muito jovem para ser chamado de senhor.

_ Jovem? O senhor acha? Que isso, me sinto um velho.

_ Verdade, tem cara de velho.

_Mas acabaste de me dizer que sou muito jovem para ser chamado de senhor!

_ Novo para ser chamado de senhor, mas velho para ter cara de velho.

_ Ora, vamos para por aqui que esta conversa esta sem pé nem cabeça. Me desculpe logo e acabe logo com isso!

_ Me dê uma razão para lhe desculpar?

_ Além de ter pedido desculpas?

_ É.

_ Bom, vejamos...

_ Sem argumentos?

_ Me deixe pensar, ora bolas!

_ Já sei, o esbarrão não foi forte, precisamos ser solidários, éééééé, peraí, ah, não sei. Não me ocorre mais nada na cabeça.

_ Me paga um lanche aqui na padaria do Zé que eu desculpo.

_ Quer guaraná ou coca-cola.

_ Pepsi. E o sanduíche é natural.