Sessão de RPG

Após quinze anos de trabalho como auxiliar administrativo de uma empresa multinacional, o seu corpo já demonstrava cansaço e consequentemente dores na região lombar e nas pernas, tendo agravado nos últimos seis meses, mesmo com a colaboração de sua esposa lhe fazendo constantes massagens e se automedicando com inúmeros analgésicos, o seu rendimento na empresa já mostrava que o incomodo era forte e prejudicial.

Sem perspectivas de melhora decidiu por meio do plano de saúde da multinacional entrar em algumas sessões de RPG (Reeducação Postural Global), meio desacreditado com o funcionamento da terapia, claro que já tinha ouvido relatos de colegas que passaram pelo mesmo problema e tinham se recuperado consideravelmente após o tratamento, por isso a sua escolha, era bem melhor do que sentir as dores e as “pisadas” nas suas costas que recebia de vez em quando de um japonês que dizia curar doenças crônicas da coluna. O problema é que ninguém lhe avisou de como eram as sessões e de que maneira deveria se preparar, no dia marcado saiu do seu trabalho direto para a clínica da Dra. Maria das Dores Lombardi, ansioso pelo inicio dos métodos revolucionários da prestigiada Dra, chegou no horário combinado, educadamente cumprimentou-a e depois de uma breve explicação, onde um dos procedimentos era a diminuição de ingestão de alimentos considerados “pesados”, deitou-se preocupado, pois sabia que foi exatamente o oposto que fez no almoço, ah aquela famosa feijoada.

Com a consciência “quase” limpa (nenhum dos seus colegas lhe informaram sobre este quesito e ele não poderia adivinhar) e deitado apenas de cueca relaxado sobre a cama, a médica começou com o tratamento, puxa dali estica de lá, levanta, vira, desvira, deita de novo, sentiu os seus intestinos iniciarem um trabalho, que naquele momento poderia muito bem ser adiado, as mãos da Doutora pareciam ser movidas a pilhas de longa duração, não paravam nunca e de tanto apertar, alongar, massagear, gases começaram a se formar dentro dele, sua barriga parecia estar em pleno carnaval, travou o seu “...” com medo de algum som impertinente querer sair sem a sua autorização, além de vermelho (trinta minutos já se passavam) dos esfregões começava a ficar verde, não aguentava mais segurar e num descuido... veio o “danado”, alto e barulhento, imediatamente parou a sessão, constrangido não sabia aonde se esconder e pediu desculpas pelo acontecimento, ela nervosa pediu mais respeito e disse:

- “Meu senhor, estamos no início de um tratamento para a sua recuperação e gostaria que respeitasse não só a mim, mas a clínica, por favor. Espero que no seu retorno tenha mais cuidado com a sua alimentação. Boa noite!”

Em cinco minutos, depois de pedir mais umas mil desculpas, saiu do local em direção a sua casa, no caminho todo dolorido com a sessão, não sabia se ria ou xingava pelo ocorrido, já na sua residência contou o fato a sua mulher que riu até se molhar toda, ele ainda um pouco nervoso tentou esboçar uns palavrões, no entanto não podia fazer mais nada a não ser rir e muito junto com sua esposa, e quando se preparavam para uma transa no meio das preliminares o “sem vergonha” retornou muito mais alto e desta vez fedido, o bicho pegou na cama e depois de ouvir uns belos palavrões foi dormir no sofá, onde passou a noite com dores e compondo algumas "canções".

Regor Illesac
Enviado por Regor Illesac em 16/07/2009
Código do texto: T1702021
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