OS IPÊS QUE NÃO MORRERAM

Decretada a morte dos ipês da minha rua!

Assistam embevecidos a sua última florada!

Pobres árvores frondosas que durante muitos anos ofereceram sombra e abrigo à pessoas e pássaros...além das flores roxas e amarelas, que no inverno enfeitavam a rua, qual um tapete de pétalas soltas...

Você sabe o que é um ipê?

De acordo com o volume nº 9 da Enciclopédia Barsa, publicação do ano de 1980, pela Encyclopaedia Britannica Editores Ltda., página 327, assim é definido:

“IPÊ – Nome dado a várias árvores do gênero Tecoma, da família das bignoniáceas. É a árvore nacional brasileira. Encontrada em estado nativo, por todo o Brasil, é apreciada tanto pelo efeito ornamental, como pela boa qualidade da madeira. O ipê é alto, bem copado; na floração, fica completamente desprovido de folhas e coberto de flores reunidas em umbelas, parecendo manchas coloridas na paisagem. Logo após a floração, reaparecem as folhas digitadas, com cinco a sete folíolos. As diferentes variedades de ipê recebem nome popular de acordo com as flores ou com a madeira: ipê-amarelo, ipê-roxo, ipê-branco, ipê-preto, ipê-pardo, ipê-tabaco e pau-d’arco. O mais conhecido é o ipê-amarelo ou ipê-tabaco, cientificamente chamado Tecoma chrysostricha. Sua madeira apresenta bela cor castanho-oliva ou castanho-avermelhada, com listras mais escuras; dura e pesada, é difícil de cortar e serrar. De grande durabilidade, usa-se para dormentes, tacos de soalho, estruturas externas e certas peças de construção naval, como quilhas. É utilizada também para bodoques ou arcos, de onde lhe veio o nome de pau-d’arco. Os ipês têm também uso medicinal. A casca, a entrecasca e as folhas, conforme as espécies, são adstringentes e usadas no tratamento de estomatite e úlceras de origem sifilítica na garganta, assim como na paralisia das pálpebras e algumas outras moléstias dos olhos”.

De norte a sul, de leste a oeste deste imenso Brasil, não há quem não conheça o tradicional ipê...a árvore símbolo deste país.

E neste inverno...os ipês roxos e amarelos da Rua Nicola Tarallo darão a sua última florada!

Nos brindarão com suas flores de uma tonalidade forte, alegre e que tanto enfeitaram o caminho de muitas pessoas que transitavam pela rua ou aguardavam o Banco Itaú abrir suas portas, em suas sombras frescas e perfumadas.

Como lembrança desses ipês tenho fotos e uma crônica publicada num jornal aqui da cidade...

Quantas manhãs fui acordado com o maravilhoso canto dos pássaros, que pousados nas galhadas dos ipês, entoavam verdadeiras sinfonias matutinas...

E talvez neste ano, esses ipês derramem suas lágrimas de ouro e de tristeza pela rua...colorindo o asfalto e ofertando o derradeiro adeus aos que tiveram a graça de apreciar a sua beleza enquanto existiram.

A eles especialmente, ofereço meus versos:

“ Meio dia...e florescem os ipês-roxos

seguidos dos ipês-amarelos...debaixo de um céu tão azul...

Tão dos outros...tão de todos...

De uma Louveira gelada...de um gelado meio dia de julho...

Debaixo de um céu tão azul...

E as pessoas de um gelado meio dia,

aguardarão a reposta do florescer dos ipês...

O amarelo...o roxo...

Que não mais enfeitarão a nossa rua...

Vivendo apenas na memória e na saudade...

de gente e de pássaros...

O riso eterno...hoje chora! ”

***

Essa crônica foi escrita e publicada no jornal local em 2007. Felizmente e para nossa alegrias os ipês perrmaneceram em seus lugares. Hoje, neste inverno, os ipês rosa e roxo estão floridos. Enfeitam nossa paisagem e oferecem suas flores aos beija-flores.

Dia 22 de Agosto - Dia do Escritor Louveirense.

Ademir Tasso
Enviado por Ademir Tasso em 16/07/2009
Código do texto: T1703414
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