BEIJO OU BALA

Quando somos adolescentes fazemos coisas incríveis. Acho que é só para rirmos de nós mesmos. Qual adolescente (masculino) nunca raspou o rosto com a intenção de que a barba crescesse mais rápido? Ou colocou algumas meias (em forma de bola) no sutiã (adolescente feminino) para uma pré-visualização dos seus futuros seios? Ou treinou o beijo em frente ao espelho, para não errar na hora?

Enfim, sempre fazemos história, do nosso jeito. Recordo-me que quando adolescente eu sempre admirava as garotas do meio. Porém só se estivessem em dupla ou em grupos de números pares. Era hilário vê-las argumentando: “ué, estamos em duas!”, “Qual de nós está mais ao meio?”– ou olhar para nós (geralmente um trio ou quarteto) e dizer: “Idiota!”– claro que muito tempo depois e se percebessem que estávamos nos acabando de rir. Daí nos ouvia dizer (isso se, como dizíamos, ‘compensasse’): “pois é, perto de gatinhas como vocês eu fico totalmente idiota...” – daí tentava emendar um galanteio.

Éramos tão “idiotas” que quando as meninas estavam em números impares, sempre dizíamos algo que não tinha no grupo, por exemplo, se estavam todas de tênis, dizíamos que a de sandália era a mais gatinha, ou vice-versa. E novamente nos acabávamos de rir, todas olhando para os pés, próprios e das colegas.

Em todo o grupo tem aquele que se destaca, seja por seu papo-de-aranha (bom de papo ou galante), ou pela beleza ou charme.

Certa feita um integrante do grupo BV (Boca Virgem) estava na sala de aula e descascando uma bala a lançou na boca, neste exato momento uma loira de olhos azuis, lábios carnudos, seios fartos, corpinho de violão (pouparei dos demais detalhes, se é que restou algum) o fitou longamente e, ele por sua vez a perguntou, com a bala à amostra entre os dentes o os olhos entre abertos (olhar 43?):

- Você quer?

Ela lançou-se ao seu encontro com um olhar abrasador e disse:

- Sim, eu quero. Mas quero só se for essa de sua boca.

Ele não poupou tempo (depois de tanto tempo treinando em frente ao espelho, no dorso da mão, ele colocaria em prática, finalmente!) ele mais que depressa, levantou-se de onde estava sentado... muito nervoso, o sangue subiu todo para a cabeça (bom, ele ficou super vermelho!)... bateu as mãos no calça (bermuda, calção, sei lá!) e...

... chupou a bala para dentro da boca fechando-a rapidamente (zup!) e, com cara de diabinho falou, levantou o dedo indicador:

- Nananinanão. Essa é minha!

Pois é, nosso herói ficou com a bala e perdeu o eminente beijo, mas ganhou semanas de gozações advindas dos demais colegas que “babavam” pela garota. Que vacilão!