Sucesso de audiência

Seu sonho era ser radialista, não qualquer um, queria ser famoso como Eli Correia, Paulo Barbosa, Zé Betio e tantos outros, na sua cidade era conhecido como “O homem do gogó veludo”, sucesso em todo canto, as mulheres deliravam com a sua voz, andando pela rua deixava as moças histéricas e os rapazes enraivados, como não era um “Tom Cruise da vida” aproveitava a “fama”, trazida pelo rádio, para fazer as suas “vítimas” pela cidade, casada, solteira, coroa, adolescente, separada, baixinha, potranca e claro as “piranhas” que não faziam questão nenhuma de cobrar. Enquanto isso uma rádio da capital, a Melhor FM, procurava um substituto do seu radialista, que havia trocado de emissora, para comandar a principal atração no horário nobre da rádio brasileira, o “Você pede e nós atendemos” líder desde a sua primeira apresentação.

Sabendo do sucesso de um rapaz no interior, o próprio proprietário da rádio foi ao seu encontro para tentar trazê-lo e comandar a atração, e não precisou muito para convencê-lo, ofereceu uma boa quantia, cinco vezes mais do que ganhava, pronto estava realizando um sonho de se tornar um radialista conhecido no Brasil e aproveitava para sair da região, jurado de morte por alguns traídos, apenas pediu para fazer o último programa na rádio que trabalhou por tanto tempo, despediu-se de todos, arrumou as malas e partiu para a capital. Encantado com a nova “casa” ficou maravilhado com o aparato tecnológico e a estrutura disponível, ansioso pela estreia, suas pernas tremeram quando viu a luz com os dizeres “no ar” acender, recebeu o comando e iniciou o programa:

- “Boa noite, 18 horas em ponto, está no ar mais um “Você pede e nós atendemos”, agora com um novo apresentador “O homem do gogó veludo”, obrigado por estarem acompanhado e vamos para a primeira música...”

Parecia um veterano atrás do microfone, durante as duas horas de programa comandou como poucos, em menos de seis meses estourava nas paradas, todos queriam saber quem era “O homem do gogó veludo”, sua vida transformara como tanto sonhou, carros de luxo, apartamento em bairro nobre, entrevistas na televisão, mulheres encantadas com sua voz choviam querendo dar pra ele, um bom salário, tudo que um homem sempre pediu a Deus, mas nada disso o mudava, continuava amigo de todos, arriscava voltar em sua cidade natal de vez em quando e a mesma loucura por mulheres, ainda mais com as “belezuras” que compareciam ao seu apartamento.

Um dia o seu colega de profissão, conhecido pelo slogan “Notícias que você não vê na televisão”, e que trabalhava no horário das onze em um importante programa de rádiojornalismo, sofreu um infarto faltando uma hora e meia para iniciar a transmissão, desesperados e procurando quem poderia substituir com a mesma credibilidade do titular, chamaram “O homem do gogó veludo”, o problema é que o infartado gostava de comandar o programa sozinho, apenas com o auxilio do técnico de som, e tendo pouco mais de quarenta e cinco minutos, não conseguiriam encontrar todos para ajudar “O gogó veludo”, assim mesmo ligaram para ele, que naquele momento estava dando um trato numa mulher, atendeu depois de dez toques e ouviu o recado:

- “O Gogó preciso de você aqui na rádio em trinta minutos”.

- “O que foi que aconteceu?”

- “Vem pra cá agora, aqui a gente conversa”.

Preocupado levantou-se rapidamente da cama, se arrumou, despediu-se da bela mulher e partiu para o local de trabalho, já na rádio soube do acontecido e da responsabilidade de colocar no ar, um programa jornalístico respeitado pela credibilidade, tendo apenas o auxilio do técnico de som. Faltando quinze para meia noite, com fome e ainda com mais uma hora e quinze pela frente, pediu ao auxiliar que fosse a uma padaria para comprar algo para comer, no mesmo instante surgia do nada, dentro do estúdio, a bela mulher que há pouco tempo estava “mordendo”, assustado chamou os comerciais:

- “Boa noite, faltando DEZ MINUTOS PARA A MEIA NOITE, vamos para um rápido intervalo e já voltamos.”

Nervoso exclamou:

- “O que você está fazendo aqui? Como conseguiu entrar? Estou trabalhando, não está vendo?”

- “Pô benzinho você estava demorando demais e fiquei com saudades. Você não está com saudades também?”

- “Estou, mas agora não dá, estou no meio de um programa, depois do trabalho a gente conversa.”

- “Oh benzinho não fala desse jeito comigo, deixa eu dá um beijinho.”

- “Ta louca, ta querendo me fod...? Estou trabalhando, já disse”.

- “To louca sim, mas por você.”

E partiu pra cima dele, tentou resistir de todas as maneiras, e quando ela abriu o zíper da calça dele, não aguentou, começou a “traçar” a mulher ali mesmo, ela gritava:

- “Vai enf..., enf... tudo meu gostosão”.

Ele empolgado:

- “Você quer p...ca sua vaca? Então toma!!!

De repente o auxiliar voltou, viu a cena e percebendo que aquilo tudo estava indo para o ar (o Gogó quando chamou os comerciais, esqueceu de pressionar o “stop” do áudio), correu para a mesa de som para desligá-lo, mas a porta trancada impossibilitava, porém já era tarde demais, o Brasil todo já tinha testemunhado toda a conversa e a transa, o patrão que ouvia em sua casa, como de costume, chegou put... da vida (ainda não tinham desligado o áudio):

- “C...lho, que p..rra é esta, ficou louco? Como você come uma mulher em pleno ar?

- “Senhor, não foi culpa minha, foi essa doida...”

- “Cala a boca, você sabe o que fez? Este é um horário nobre para o jornalismo.”

- “Meu senhor, eu posso explicar...”

- Está despedido!!!

Naquele momento “O homem do gogó veludo” era despedido, ao vivo, em pleno ar. Durante uma semana inúmeros e-mails chegaram pedindo a volta do Gogó, com a audiência caindo e sem perspectivas de melhorar, não resistiu aos apelos dos ouvintes e ás dez para meia noite em ponto começava um novo programa, mais um sucesso de audiência:

- “Boa noite galera, faltando DEZ MINUTOS PARA A MEIA NOITE, começa agora o programa “Aquilo que o povo mais gosta”, com “O homem do gogó veludo”,...

Regor Illesac
Enviado por Regor Illesac em 26/07/2009
Código do texto: T1719540
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