Ser como gota de chuva

Chove. E eu com vontade de mergulhar em cada gota.

As gotas caem nos meus olhos, mas meus olhos querem ser elas. Límpidos, nascidos de nuvens, sem o embaçamento da metrópole empoeirada. Livres, guiados pelo vento, sem as amarras da sociedade que me molda.

Ser como gota de chuva. Flutuar, conhecer lugares longínquos, beijar cada chão.

Ser cristalina no ar e desmanchar-me turva no asfalto quente que me evaporaria e me faria voltar a ser gota. Um eterno recomeço.

Assim precisaria ser a vida. Cada sol nos anuncia uma nova chance de voltar a ser gota.

E de percebermos que aquele berro que ficou calado não morreu. Apenas se transformou.

Ana Helena Tavares
Enviado por Ana Helena Tavares em 27/07/2009
Reeditado em 27/07/2009
Código do texto: T1722478