O que Importa de Verdade?

Tento sorrir a esperança de um amor

todas as vezes que tento entender a vida,

e logo que me aprofundo, me redescubro dentro de mim.

Ora, talvez minhas ilusões estejam todas perdidas,

e eu sem respostas claras, me aprisione na clareza

de uma vida, em que seus resultados não são importantes no presente.

E agora, até que venha tal vida, vou dissecando meu ser

na esperança de não ser achado pelo amor egoísta,

que transforma meu corpo em meus olhos,

e minhas vontades em frívolas esperanças!

E quando meus desejos naturais me estremecem,

percebo ainda que seja vulgar a consumação das dores,

e vejo meu corpo, minha alma e espírito opostos entre si,

fragmentados pela limitação humana de ser apenas eu,

quando toda essa conjunção busca falar a mesma coisa.

Troco então meu lar de eternidade por um lapso de prazer covarde,

onde passo a me perder ao infinito dos horrores lascivos e vulneráveis,

que transcorrem as mentes e os corações dos espíritos desencaminhados,

que por sua vez, são mais felizes em sua massa manipulada, sem questionar!

A dor é o saber, que faz do saber o que não se sabe, o que não se pode, e o que não se quer. A dor é a falta de coragem para se levantar contra toda forma de estagnação,

se permitindo a uma vida triste e solitária de auto-depreciação costumeira.

A dor é uma navalha que recorta os pedaços nobres da pobre alma, rica sem saber,

e a torna traspassada de desejos volúveis, de empatias torturantes,

e formas bizarras de sobrevivência felizes, junto a todos que fogem sem saber.

A dor é saber, é fuga, é viver sem saber fugir, sem mentir a si mesmo.

É ver o mundo das pessoas se limitarem aos olhos terrenos e plenos de desesperos.

É ver a minoria vivendo da maioria e a maioria buscando ser a minoria.

É ver as crianças tornarem-se adultas na infância

e os pais atentos aos seus dias cinzentos de trabalho e sucesso!

Seremos poupados da dor, no dia em que aceitar que a vida, é uma forma normal de ser feliz, basta seguir o mecanismo arbitrário, afinal, só se vive o hoje, e amanhã te espera a história; que tu fez, quem tu foste, e o que deixou; sorriu, amou, viveu feliz, morreu farto, e tudo ficou no seu lugar. Eu aceito a paz e fico em silêncio até que a jornada me transtorne, ou que não me faça questionar as exigências, pois se há esperança depois da morte, para onde iremos se não é tudo como o é, mas mesmo não o sendo, eu o creio, e vale a dor de saber que não sei do que preciso, mas sei, que estou vivo e disposto a sofrer pelo Amor que creio, e que se faz grande em clima tempestuoso e incerto de presente concordância, com a triste realidade que vivo.

Melhor é tentar saber, se, pois de todo se sofre sem saber, melhor é sofrer sem fugir de si em busca do Amor, que por sua vez nos causa a cura e o sofrer na mesma dor.