Patética necessidade feminina

Um lua apareceu no céu, cheia, branca, iluminando o meu rosto e deixando a vista as minhas feições.

Algumas vezes, eu pedi que a noite passasse em um segundo, outras vezes, pedi que o dia nunca chegasse.

Eu já contei muitas mentiras nessa vida, isso é fato. As piores mentiras, inventei pra mim mesma.

Tinha inerte aquela sensação de ser uma das mocinhas de interior que numa longa espera na janela esperava por um princípe encantado.

Mas, como esse princípe só existia no meu imaginário, eu sempre me envolvi mais com sapos do que com princípes.

Eu me lembro bem dos homens que passaram pela minha vida, passaram vários. Sempre vivi uma vida de muitos amores, alguns correspondidos, outros não. E digo isso de forma bilateral.

Passei por várias noites, vários dias numa procura por um homem que só existia no meu interior, um ser humano fantástico que seria quase um super homem na minha vida.

Esse homem seria um Shaspeare nato, um Don Juan, um homem que antes mesmo que eu pensasse em me sentir insegura, enciumada ou preterida, ele me bombardiaria de demonstrações cinematográficas de amor sincero e intenso.

Na minha janela, como uma daquelas bonecas namoradeiras feitas de barro, eu ficava a espera de um salvador para a minha insegurança e a minha baixa auto estima.

Eu assumo, muitos princípes apareceram, e diga-se de passagem, alguns sapos também. Mas, esse meu interior corrompido e essa necessidade feminina de bajulação e adoração me fez por imensas vezes ver os meus princípes saírem a galope e me deixarem novamente debruçada na janela.

O meu último relacionamento foi assim, eu não me contentava com a calmaria, com a paz e com a estabilidade, precisava sempre de uma emoção exagerada, não me sentia satisfeita em viver um relacionamento dentro da monotonia que segue o término daquele período de paixão inicial.

É como se eu precisasse de uma drama constante e um toque de passionalidade que me proporcionasse sempre as emoções de um amor tresloucado com declarações, juras e promessas, sem contar, nas lágrimas e lágrimas. Uma necessidade de ver o parceiro se arrastando e implorando pelo meu sentimento para que eu pudesse me auto-afirmar e me sentisse segura e plena. Eu só me esquecia, que as pessoas se cansam desse joguinho patético, e quem sai perdendo sou eu.

Acho que esse é o motivo de sempre ter gostado dos relacionamentos passageiros, aquela coisa intensa de momento que chega, deixa aquele gosto bom e depois vai embora, sem me deixar compromissada ou necessitando de uma satisfação para esse meu ego.

Demorei perceber isso, é como se fosse uma auto-sabotagem que não me deixasse viver com satisfação as emoções tranquilas, a felicidade plena. Eu precisava sempre de um furacão de emoçoes na minha vida, nunca me contentei com uma leve e suave brisa de amor.

Só depois que percebi isso é que pude mandar embora a angústia e o incontentamento, montar no cavalo do meu verdadeiro princípe e fugir com ele para um lugar aonde só eu sei chegar, ou seja, deixei de ser escrava do meu ego e fiz as pazes comigo mesma.

A espera na janela, teve fim.