Vulgaridade

Significado de vulgaridade

s.f. Qualidade ou caráter de vulgar.

Coisa vulgar; banalidade.

Vulgarismo.

Sinônimos de vulgaridade

Vulgaridade: banalidade, frivolidade, futilidade e trivialidade

Citação com vulgaridade:

"Finge ignorar os teus inimigos; não caias na vulgaridade de defender-te."

-- Henrik Ibsen

E o caro leitor perguntaria... E daí???!!!! que eu tenho com isso?

Tem muito meu caro. Vamos explorar um pouco sua recente memória, e aguçar seu raciocínio direcionado, por exemplo, às atitudes de pessoas às quais você tenha depositado extrema confiança.

Em quem você confiou nos últimos anos, pelo fato de que à essa (s) pessoa(s), você delegaria a tarefa de conduzir a aplicação de seus mais preciosos bens. Você confiou porque acreditava sinceramente que ele mereceria sua dedicação e que, quando essa(s) pessoa(s) lhes devolvesse seus bens, estes teriam se multiplicado em muitos outros, trazendo mais e mais conforto para outras pessoas da sociedade?

Será que você ficaria feliz, se você olhasse e verificasse que a(s) pessoa(s) em que você confiou não estaria(m) condizendo com a confiança que você depositou, e estaria(m) esbanjando os bens de forma interessada, colocando-os à disposição de outros seus próximos, enriquecendo-os em detrimento de desenvolver práticas que pudesse trazer um maior conforto para você, e consequentemente para a sociedade?

O que você acha que deveria ser feito para esse depositário infiel?

Mas antes disso, vamos ver como poderíamos classificar uma pessoa desse naipe.

Seriam elas pessoas que poderíamos classificar como "vulgares"?

Vejamos antes também o que é ser vulgar.

Tomando as frases:

"Vulgare amici nomen, sed rara est fides". [Fedro, Fabulae 3.9.1], que traduzida do latim é: "A palavra amigo é muito comum, mas a fidelidade é coisa rara";

também temos uma outra frase de Cícero, que diz:

"Vulgus ex veritate pauca, ex opinione multa aestimat" [Cícero, Pro Roscio Comodeo 29], que significa: "O povo considera poucas coisas a partir da realidade, e muitas a partir da crença",

podemos entender ou ainda discernir o que seria a palavra "Vulgar".

Vulgo em Latim significa: "vulgarmente" ou "comumente" e "Vulgus" significa: "povo, massa comum ou popular", como encontramos na referência de Sêneca:

"Vulgus animosa miratur et audaces in honore sunt; placidi pro inertibus habentur. [Sêneca, De Ira 3.41.2] , que significaria: "O povo admira as ações intrépidas, e os audaciosos são valorizados; as pessoas ponderadas são tidas por ineficientes".

Ainda, corroborando a idéia desse entendimento, teríamos :"Vulgi opinio" = "A opinião pública" e ainda , "Vulgus vult decipi, ergo decipiatur", [Rezende 7253] que significaria: "O povo quer ser enganado, pois que o seja".

Dessa forma, podemos perceber nitidamente que “vulgar” seria algo mesclado com o que seria popular, do povo, dos homens comuns, ou seja, distante dos cultos, dos estudiosos, dos escribas, ou ainda aonde a sociedade gera o consuetudinário.

Ao homem que lhe for depositada a confiança para cuidar do bem social, poderia ser entendido também como uma atribuição de boa fé através de livre manifestação de vontade popular, ou seja, através de um referendo público ou voto "de confiança".

As pessoas comuns, ou seja, vulgares, no entender das pessoas doutas, se prestam muitas vezes apenas para dar credibilidade através de voto em representantes, ou seja, mais distantes ainda fica a massa, das decisões tomadas, em nome dessas mesmas vulgares pessoas.

Em meio à massa popular, tudo acontece, e às vezes temos pessoas da massa se mesclando com os mais cultos. Muitas vezes, será necessário termos um pouco disso, pois, é um caminho pelo qual as pessoas vulgares se vêem mais representadas, amainando as reações populares, e assim, fazendo-se mais uma vez o jogo de interesses dos mais abastados.

Todos sabem que a prostituição é algo que existe desde os tempos que o homem se achou por inteligente, se não tanto, à exceção dos instintos, pelo menos diferente dos demais animais.

As prostitutas sempre foram procuradas pelos ditos homens cultos também. Sempre foi algo "comum" incrustado na sociedade hipócrita. Serve também aos propósitos dos "cultos" e sempre foi mister que existissem, se não, cria-se condições com apenas algumas medidas que tornam a sociedade necessitada. Aí a miséria social incumbe-se de seu espontâneo surgimento.

Assim, podemos ter que a prostituta seria o mais reles ente que a vulgaridade conseguiria produzir. Mas, seguindo o raciocínio e que me perdoem as prostitutas, não quero ofendê-las com a analogia, veremos que a sociedade consegue criar ainda algo pior.

Comuns até hoje são histórias de algumas festas animadas, onde essas escórias da sociedade encontravam-se saciando os desejos dos dirigentes da nação e representantes do povo, mesclando as prostitutas e os prostituídos pelo poder.

Assim, essa vocação das classes políticas dominantes de se mesclarem ao povo, sempre foi muito grande e funesta. Ao se mesclarem, são tidos também como comuns e vulgares.

A vulgaridade então, atualmente é sinônimo de coisa ruim, como o era no passado, como vemos nas frases :

“Vulgari pisci non insunt spinae”. [Grynaeus 96], ou seja, “Peixe ruim não tem espinhos”, ou ainda “Vulgaris piscis spinas non habet”. [Manúcio, Adagia 1366]

Pois mais douta que seja uma determinada sociedade, sempre haverá outro patamar do que seja vulgar. Para combater a vulgaridade ou mudar o patamar dos comuns, há então que se investir todo o produto dessa sociedade em formação intelectual da massa. Assim, ficaria mais difícil de ter decepções com a confiança dada.

Guardado o tempo, a vulgaridade não perdeu seu significado que buscamos no Latim, e a cada dia nos aparecem em diversos níveis da sociedade organizada.

Vulgaridade é o que se vê hoje, dada a qualidade da sociedade e o que ela consegue produzir para representá-las. Os vulgares, ou seja, o povo, ou ainda, os comuns estão finalmente no poder.

Todos os representantes hoje, tem um grande voto de desconfiança do povo. Os mais doutos, e por vezes membros de academias de literatos, onde seria inconcebível a co-existência de pessoas vulgares, são descobertos também se prostituindo com os quinhões do poder e sua prole zombando dos desprivilegiados.

Ao governo maior, representado por uma pessoa também vulgar, ou seja, comum, do povo, esconde-se na ignorância para não enfrentar o julgo popular, negando conhecer falcatruas que sustentam hoje a forma de arrecadar dinheiro para financiamento de campanhas políticas.

O povo, ou seja, os vulgares esqueceram-se rapidamente das mentiras deslavadas, e novamente vem o representante mor da vulgaridade defender o indefensável, já que provas contundentes e suficientes para um julgamento popular existem. O povo nesse episódio mais uma vez se viu ludibriado e as benesses do poder agraciando mais uma vez os parentes e amigos mais próximos do poder instalado na nação. E pior, locupletando e debochando dos cidadãos comuns.

Um senado inteiro produzindo decretos “secretos”, ou seja, às escondidas do povo, de forma sórdida, longe das vistas dos cidadãos comuns, que aceitam passivamente tamanhos descalabros por cegueira congênita e intelecto mal formado.

Mas e os representantes da Câmara Federal, das Assembléias Legislativas, das Câmaras de Vereadores, estariam assim também contaminados?

Na história do nosso país, tivemos muitos exemplos de pessoas realmente nobres, brilhantes de inteligência e propósitos, que até o fim lutaram por ter um povo mais próximo das decisões, mas morreram frustrados pela incapacidade de mudanças do “status quo”, já que o legado deixado por falta de decisões políticas é sempre maior que a capacidade de formação intelectual, que poderia mudar a situação.

Mas hoje, diante da desfaçatez e do desequilíbrio de forças, vemos e convivemos com a vulgaridade instalada nos mais recônditos cantos dos poderes constituídos e em todos os rincões desse imenso país.

Volto a pensar que a república é a cafetina dona das alcovas dos apoderados, onde a prostituição campeia solta e dá-se a mostra da vulgaridade com que são tratadas as confianças depositadas nas urnas da nação.

Desta forma, tristemente, quando pensamos que a mãe prostituta seria o mais baixo patamar que uma pessoa pudesse alcançar para sobreviver na sociedade, nos confrontamos com algo mais sórdido, bestial e mais nojento que uma sociedade ainda é capaz de criar, que são os maus representantes do próprio povo.

Aos filhos dessa imensa nação, que não filhos da república nascidos nos prostíbulos do poder, digo que o mais vulgar que a sociedade consegue produzir, não são mais as procuradas vagabundas que saciam os instintos dos vulgares, mas sim os próprios homens, que se entregam à melodia entoada pelos tilintares das moedas, tão desejadas em todos os níveis da sociedade, e que, de forma “no compliance”, vão vendendo também as esperanças dos comuns, prostrados diante da fome de justiça clamada pelos cidadãos traídos.

Então volto a questionar: O que fazer com os depositários infiéis?

Lembre-se que, o cidadão que nada tem de bens pessoais, tem um bem maior que é a sua terra, a sua pátria, a sua nação, e quando a alguém é dada sua extrema confiança, através do seu voto, é dada a sua pátria, com a esperança vê-la cuidada zelosamente de forma a propiciar um futuro com maior conforto social, e assim poder ver a sua família vivendo bem e dignamente.

Um dia, e a história está permeada de semelhantes relatos, em não prevalecendo o bom senso em manter o estado democrático, poderá haver um levante dos comuns e vulgares cidadãos, cansados de serem enganados, e a conseqüência poderá ser devastadora a varrer a podridão e guilhotinar, enforcar ou mesmo fuzilar os infiéis que lhes usurparam a confiança e ainda se verão queimados vivos os pecadores e vendilhões do templo indevassável que é o voto do cidadão de bem, do homem honesto, do trabalhador a transmitir aos seus descendentes a honra, a ética, o bom caráter e os bons costumes.

Por favor, apoderados, não se riam de mim, não usem de forma ímpia os impostos que saem do meu suor, não debochem de minha humilde figura, não duvidem do meu caráter e minha honra, respeitem a minha dignidade, não subestimem a minha inteligência e não menosprezem do que sou capaz!

Vulgus opinatur quod postmodum verificatur. [Stevenson 2237] : “O que o povo imagina, depois se confirma”. ■O povo aumenta, mas não inventa. ■O que o povo diz ou é, ou quer ser. ■Onde há fumaça, há fogo.

Marco Antonio Pereira

02.08.2009 16:05

MARCO ANTONIO PEREIRA
Enviado por MARCO ANTONIO PEREIRA em 02/08/2009
Reeditado em 21/06/2013
Código do texto: T1732884
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