A língua plesa, quer dizer, presa

Que o serviço de telemarketing nos perturba a todo o momento nos oferecendo promoções, que insistem em chamar de investimentos, nos ligando a qualquer hora do dia sem se preocuparem em saber se necessitamos ou não daquele serviço e se estamos disponíveis para ouvirmos as suas condições de pagamento, as vantagens (se é que tem alguma) de participar e blá-blá-blá, isto já estamos cansados de saber, e ás vezes até somos um pouco mal educados com estas pessoas que apenas estão trabalhando, mas chegaram a tão ponto, que leis foram criadas para inibir estas empresas de telemarketing.

Há pouco tempo atrás, um caso inusitado sucedeu com um colega enquanto ele preparava o almoço. Quando o telefone tocou, pensando ser o telefonema que aguardava da empresa onde trabalhava, ao atender:

- “Bom dia, é o senhor Peleila?”

- “Sim, sou eu o que deseja?”

- “Nós somos do Jolnal da multidão, o senhor não gostalia de adquili os nossos exemplales semanais?”

- “Muito obligado, mas já assino outlo jolnal.”

- “É..., o senhor pol acaso está blincando comigo?”

- “Não pol que? Algum ploblema?”

- “Sim tem, não é pol que tenho um ploblema pla falar que o senhor tem o dileito de desleispeitá, estou fazendo o meu tlabalho honestamente, peço o mínimo de lespeito”.

- “Mas do que a senhola está falando? Apenas disse que já assino outlo jolnal, o que tem demais nisso?”

- “O senhor não tem velgonha na cala, de ficar me imitando? Se sabe que hola eu saio de casa pala vim tlabalhar?”

- “Desculpe não estou entendendo, imitando quem? Não sou obligado a complá jolnal, a senhola liga na hola do meu almoço e ainda tem que ouvir desafolo? Passe bem.”

Antes que ela voltasse a falar alguma coisa desligou o telefone, sem entender bem o que tinha acontecido, apenas não queria assinar outro jornal, o que tem demais nisso, e ainda tinha que ouvir “desaforo de uma estressada? O que ele tem a ver com a hora que ela acorda?” Voltou a fazer o que havia tentado iniciar, quando novamente o telefone tocou:

- “É o senhor Peleila?”

Ela de novo.

- “Sim, pois não.”

- “Escute aqui, sua mãe não lhe deu educação? Ou você não sabe que é feio imitar os outlos? E ainda pol cima desliga o telefone na minha cala?”

- “Mas senhola, não estou entendo nada do que você está dizendo. Você ligou, eu atendi, disse que não estava intelessado no jolnal e do nada a senhola começou a me xingar, eu desliguei mesmo.”

- “Mas é um colno mesmo, ainda continua me imitando, quelo ver se o senhor tem colagem de fazer isso na minha flente.”

- “Plesta atenção sua doida, o dia está lindo, não quelo ficar estlessado com a senhola, vai pala a p... que te paliu.”

Tum, tum, tum, tum, tum...

Já nervoso, com fome e atrasado, tirou o fio do telefone da tomada e preparou um lanche para enganar o estômago, esperou uns vinte minutos e plugou novamente o fio, afinal ainda aguardava uma chamada importante do trabalho, assistindo o telejornal, quando voltou a tocar:

- “Vai o senhor pala a p... que te paliu, seu safado.”

- “Você de novo? Olha aqui minha senhola, se você não tem o que fazer, eu estou agualdando um telefonema impoltante do meu tlabalho, estou pedindo pol favor pala não ligar de novo ou telei que plocessar a emplesa por impoltunar as pessoas. Pol acaso a senhora é casada?”

- “Não!!! Mas o que isso tem ver?”

- “Então vá plocular um macho, polque você está plecisando é de uma boa pi...”

- “Mas é um filho de uma p... mesmo, quelo ver se você é homem de falar isso na minha cala.”

- “Eu vou te dar é ro... sua pilanha, apalece aqui em casa pla ver”

Uma semana após o ocorrido, tomando um belo banho para tirar o cansaço de um dia de trabalho, a campainha toca, pediu para aguardar um pouco, mas continuou a tocar insistentemente, “mas quem selá o aplessado? Calamba!!!” Desligou o chuveiro, enrolou-se numa toalha e foi atender o desesperado, quando abriu a porta:

- “Agola fala na minha flente seu sem velgonha, fala quelo ver.”

- “Desculpe, mas quem é a senhola?”

- “A moça do telefone, agola quelo ver se você é homem de lepetir tudo o que disse.”

- “Bom, é a senhola que está pedindo.”

Tirou o facão de sua mão (sim, ela trazia um facão na mão), a pegou no colo e a levou para o quarto. Seis meses passados, saiam em lua de mel. Vai entender!!!

Regor Illesac
Enviado por Regor Illesac em 04/08/2009
Código do texto: T1735435
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