Domingo pede cachimbo

Hoje é domingo: pede cachimbo...

Cachimbo é de ouro: bate no touro...

O touro é valente: e bate na gente...

Eu vivia recitando essa cantiga quando era criança. Não sei se muitos a conhece, mas hoje escuto minha sobrinha repetir estas mesmas letras sempre que escuta alguém falar a palavra domingo. É engraçado, porque agora com a correria que enfrento durante os dias da semana, sobretudo nas segundas feiras, é difícil alguém me fazer gostar do domingo.

Eu achava que era a única, até que em uma conversa atoa, um amigo me disse: ‘eu não gosto dos domingos’. Nossa! Pra mim foi um alívio, pois pensava que as pessoas iam me crucificar se eu dissesse isso. E eu disse a ele: ‘temos mesmo muito em comum Leo, além de amar o Carlos’. Dias depois, outro amigo veio perguntando: ‘O que faço para gostar dos domingos?’ aí me livrei da culpa de vez e disse: ‘vou escrever uma crônica sobre os domingos’. Nada que seja de ‘utilidade pública’ mas eu tinha que fazer isso.

Geralmente os domingos são parados! Quietos! Chegam a ser um pouco depressivos. Aquele gosto de segunda começa a partir do momento que acordo. Ô dia preguiçoso... E domingo chuvoso então? Aff... Eu quase broto em cima do sofá! É claro, alguém pode dizer que tem lá suas vantagens, e eu concordo. Família reunida (embora na minha sala sempre falta lugar pra sentar); manhã de domingo é uma delícia, devo confessar que adoro o sol da manhã.

Mas ainda sim, não há quem me convença a gostar mais do domingo. Eu vejo o domingo meio preto... É engraçado. Você tem a sensação que já acabou seu descanso e sabe que vai começar tudo de novo: a correria, a dor de cabeça, as cobranças, os deveres... Domingo já é meio segunda. É fim... Definitivamente domingo é fim. E saber do fim já é por si só chato. Dia bom mesmo é sexta feira.

Eu não saberia dizer o que tem a ver o “pede cachimbo” na cantiga. Seria só pra rimar, significa descanso, ou seria pra lembrar do despertador que vai tocar as seis horas no dia seguinte? Mas em todo caso, meu despertador não é de ouro, e o touro deve ser o dia dizendo: ‘ acorda menina! Vai trabalhar’. Talvez por isso a cantiga termine assim:

Gente é fraco: cai no buraco

Buraco é fundo: acabou seu mundo.

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 05/08/2009
Reeditado em 05/08/2009
Código do texto: T1737779
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