A palavra é: Condescendência, ou, A resposta à pergunta: "Em que eu errei com meu filho?"

por Mauricio Micharay

Muitos se perguntam qual o problema com os jovens hoje em dia. Por que para eles as palavras respeito e autoridade parecem não existir?! Você certamente já se perguntou sobre isso algum dia desses, quando seu filho recusou-se a estudar, quando não lhe deu ouvidos sobre o que seria uma melhor dieta alimentar, quando recusou-se a arrumar seu quarto ou a levantar-se para ir à escola.

Em suma, todos os dias temos exemplos de como nossos filhos estão, cada vez mais, “mal-criados”. E o que é pior: se pararmos para pensar nesses termos, chegaremos à conclusão de que a responsabilidade é toda nossa, como pais e “responsáveis” que somos. Neste ponto, porém, começamos a nos justificar, pensando ou dizendo, que no final das contas a culpa não é nossa, pois todo o pai ou mãe só quer o bem de seu filho. E isto, felizmente, não é uma mentira! É o que realmente pensamos que estamos fazendo: pensamos estar fazendo o bem a nossos filhos, quando, na verdade, estamos cometendo erros piores com eles do que as repressoras gerações de nossos pais e avós fizeram conosco no passado (com algumas excessões, é claro).

Nosso engano chama-se: Condescendência. Isto mesmo! Abra agora o dicionário e verifique esta palavra! O significado é algo como “o oposto de intransigência”. Intransigência, diremos, é o principal adjetivo de nossos antepassados, e do qual procuramos fugir desesperadamente como a besta do crucifixo. Ser condescendente significa então, de forma simplificada, permitir que ações e fatos ocorram sem qualquer interferência, deixar que decisões sejam tomadas por outros sem nossa interposição crítica, e, por vezes, sem imputarmos a estes indivíduos o ônus da responsabilidade sob a repercussão destas mesmas ações.

Sabe-se que, algumas vezes a condescendência é tomada como sinônimo de pacifismo (tolerância), e, muitas vezes é bem vinda para a solução de conflitos. Em nossos lares esta compreensão equivocada faz com que relevemos atitudes de desrespeito e passemos a não insistir no cumprimento de regras básicas de boa convivência. Desta forma o excesso de condescendência com nossos filhos nos leva a uma armadilha ainda pior no mundo globalizado e acelerado em que nos encontramos.

É certo que nossos pais e avós poderiam ter “pegado mais leve” conosco, pois antigamente não corriamos tantos perigos, nem fora (drogas, corrupção, violência e criminalidade), quanto mais dentro de casa (leia-se: televisão, videogame, internet e outros “acidentes domésticos”). As mães, geralmente, não trabalhavam; os pais não estavam esgotados de tanto trabalhar para manter o padrão de vida de suas famílias; tantas famílias não estavam desfeitas (aliás, como buscamos maneiras de compensar estas tragédias tão comuns com mais condescendência!)

Pois bem, você deve estar se perguntando: - E então! Se está tudo errado, você tem alguma sugestão? Bem, não sou nenhum tipo de especialista, mas lembro de ter aprendido muito com meus pais a respeito de limites, entretanto, sem nunca ter-me sentido privado de liberdade, e ainda, utilizando-a, sob forma de livre arbítrio para fazer minhas próprias escolhas (assistidas e aprovadas por meus responsáveis, é claro). Penso ser este um perfeito “caminho do meio”, ou meio termo, se assim preferirem. Porque não analisarmos o passado e buscarmos esta compreensão? Ou preferimos que jovens ainda imaturos não aprendam a ter responsabilidades, quebrem hierarquias, pulem etapas e tomem decisões irrefletidas, sem que, pelo menos, procuremos, antecipadamente, ajudá-los a escolher entre opções mais benéficas para si próprio e menos danosas para os que estão ao seu redor?

Ao sermos condescendentes estamos nos privando do papel de educadores (no sentido mais pragmático do termo), papel este, que, sem perceber, estamos deixando a cargo da escola apenas. Sejamos, então, mais próximos e mais amigos de nossos descendentes, sabendo advertí-los e também responsabilizá-los por seus atos. Não tenhamos medo de estar sendo rígidos demais, pois a vida adulta, certamente o será ainda mais, e, estes mesmos filhos ainda nos cobrarão os ensinamentos e orientações que não lhes foram proporcionados.

Mauricio Micharay
Enviado por Mauricio Micharay em 11/08/2009
Reeditado em 11/08/2009
Código do texto: T1748458
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