Feliz Aniversário

Acordei como sempre acordo todos os dias.

Enrolei-me em uma toalha e atravessei o corredor que passa pela cozinha, e em seguida faz uma curva a direita saindo em frente ao banheiro.

Com uma das mãos eu segurava o sabonete e com a outra eu segurava a toalha para que ela não caísse.

Minha Irmã estava na cozinha tomando café. Assim que me viu arregalou os olhos e gritou.

----Nossa, Ivan! Pelo amor de Deus como você está velho!

Levei um baita de um susto. Tá certo que eu não sou nenhum garotinho, porém, apesar de meus cinquenta e cinco anos, não me encontro tão destruído dessa maneira, a ponto de minha irmã ter tido aquele tipo de reação.

Fiquei olhando para ela sem entender direito o que estava acontecendo. Não vou mentir, senti uma sensação simplesmente horrível e arrasadora diante daquela situação inesperada.

Ela, ao perceber meu constrangimento, começou a dar risada.

----Parabéns pelo seu aniversário! --Gritou

Foi ai que caiu a ficha. Eu nem me lembrava que era meu aniversário. Também pudera, depois de certa idade a gente nem liga mais para isso. Muito pelo contrário, sinto é raiva quando chega essa data, pois é um ano a mais a ser acrescentado em minha velhice. E quando alguém me pergunta:

----Quantos anos você tem Senhor Ivan?

Eu respondo:

----Uns vinte!... Ou vinte e cinco!... Sei lá! A única coisa que eu sei é que os outros cinquenta e cinco eu não tenho mais! Eu já os gastei!

E diante dos risos admirados das pessoas, eu continuo a minha caminhada lenta e preguiçosa. Afinal, sou como o velho marinheiro, que durante o nevoeiro, leva o barco devagar.

E ao passar diante de uma vitrine qualquer, me detenho por alguns minutos, admirando a minha velha e carcomida imagem e digo a mim mesmo:

----Feliz aniversário velhinho!... Feliz Aniversário!

São Paulo, 13 de Agosto de 2009