O pau de arara dos escritores nordestinos

O sonho de todo escritor nordestino é editar pelo sul. E quando edita já é incluído como parte de peso no próprio currículo. Montam os paus de arara cultural com promessa de uma terra que jorra leite e mel e a meta de fartar a sede individual de sucesso numa atitude que apenas desassocia a força e o poder que tem.

Numa nova interpretação de uma história contada pelas músicas do nosso Luiz Gonzaga precisamos furar os pneus do último pau da arara inviabilizar a sua saída por força da nossa força. Só nossas decisões nos levarão a isto.

Décadas e décadas se passam e continuamos sendo refém das vontades sulistas. Não quero fazer apologia a divisões desnecessárias, quero a união intensa de convivências sem o exercício da escravidão.

Todos os nordestinos que foram para o sul em busca de fortuna enriqueceram ainda mais a sede de escravizar de quem os recepcionou. Puro engano a sala de visitas a realidade se não o quarto dos fundos, os bolsões de miséria e as favelas.

Entendemos a submissão pelo um prato de comida. Mas é a nossa falta de capacidade que está no jogo.

Somos incapazes? Entendemos a nossa difícil condição de vida regional. Só não entendemos a perpetuação. Entendemos ainda, a nossa auto estima destruída por anos a fio, sendo até motivo de animação e um show de piedade em programas de televisão. Promovendo um nordeste que nunca existiu. Existiu e existe um nordeste que norteia a cultura nacional por seus valores individuais.

Esquecemos muito rápido de nossas lutas libertárias. Esquecemos muito rápido da “Moça do Sobrado Grande” e da Rosemblit.

Se tirarmos os nordestinos do sul, esse sul ficaria em intermináveis dificuldades. Até suas melhores novelas são feitas por nordestinos. E estamos em relevo em todas as áreas da cultura em geral. Sua melhor homenagem musical (Sampa) foi um nordestino quem produziu.

Numa coisa concordamos, eles sabem ganhar dinheiro, eles sabem fazer e impor suas leis. Sabem serem patrões. E nós estamos sempre aceitando suas condições em todas as áreas.

E a cultura? Essa necessita de montar nos pau de arara?

Na juventude, no momento que se é mais produtivo, nosso pau de arara deixa sua carga no sul. Sua jovem energia impulsiona o sul. Não quero culpá-lo pelo falta de ideologia. Os culpo pelas decisões erradas em relação aos seus contemporâneos. Induzindo-os a novos erros.

Precisamos entender que o leite e o mel podem está bem aqui onde estamos pisando sem o prejuízo do olhar no horizonte.

Ir para voltar por cima. Um sonho incerto. Por que poucos na velhice conseguem se reencontrar com o seu povo. Mas todos voltam e encontram sua querida terra do jeito que a abandonaram.

Manuel Oliveira
Enviado por Manuel Oliveira em 15/08/2009
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