Igreja Universal do Reino de Deus
Ele disse: “Vamos consagrar esse azeite”
É incrível a capacidade daqueles que possuem insônia. Eles conseguem ligar a TV e consagrar o azeite.
Ele disse: “Eu... Eu... Eu... vou todo dia ao aeroporto e consagro esse azeite”
Ele vai ao aeroporto e consagra o azeite.
“Sabe por quê? O aero... o aeroporto não é o lugar... lugar que os aviões decolam? Então meus amigos, esse azeite será a benção para sua vida decolar. Irei “molhar” minha mão com esse azeite e te tocarei.”
É uma metáfora.
Depois ele fecha o programa rezando pelo azeite em um fundo de paisagens, com os olhos fechados segurando firmemente o azeite.
As pessoas fazem isso. Elas rezam pelo azeite e crêem no azeite; e se tudo der certo, é o azeite que captou um complexo sistema que envolve vida e decolagens de aviões.
Eu olho a bula do medicamento e vejo: Esquizofrenia: “(...) ter pensamentos estranho(...) fazer ou pensar coisas que não coincidem com a realidade”.
E penso no mundo do azeite.
Minha opção por não ter religião tem por último não crer em Deus, porque o resto eu não preciso fazer muito esforço.
Estou fincado numa das maiores cidades do mundo e vejo que minha concepção sobre ela é decepcionante.
Em uma casa noturna as pessoas dançam, bebem e fumam. Imagino que sair em um sábado à noite é uma grande solução para problemas de solidão.
- O que você faz?
Pergunto sem vontade, só para resolver meus problemas.
Eu nunca lembro o que uma pessoa faz. Somente pergunto e finjo que me interesso. Eu gosto de olhar os traços femininos. Não aqueles traços sexualmente atrativos, nem para saber se é feia ou não. Eu olho as expressões, o movimento da face quando falam, olham e respiram.
Percebo que há diversas formas de se conhecer uma pessoa com ela abrindo a boca. O que sai da boca não é interessante, mas a forma como elas se expressam a fazem ser importante.
Quando alguém está bem resolvido profissionalmente, a expressão é de euforia e calma ao mesmo tempo. É como se ela necessitasse que você perguntasse mais sobre isso.
Quando alguém é frustrado sexualmente, a expressão é de felicidade e desconforto ao mesmo tempo. Elas sorriem, mexem o corpo e dizem que está tudo bem.
Enquanto ela fala, eu olho seu rosto. Quando elas me perguntam, eu já perdi a conversa.
No final, sei que as pessoas são decepcionantes, e que não dou muito a mínima para o que elas consideram importantes.
É um mundo egocêntrico em que vivemos. Eu não saio dele, mas lido de forma diferente.
Ele diz: “Deus irá até você”. Como se alguém fosse a única pessoa do mundo. Como se seus problemas fossem os únicos.
Eu nem comento mais sobre isso, explicar a uma pessoa que ela não é a única do mundo é reforçar para ela que ela é a única do mundo.
Falar que o mundo é uma merda, é reforçar que a pessoa é importante.
Compreender que as pessoas são podres é inflamar o ego daquele que se acha o “diferente” de todos, ou seja, o melhor entre todos.
No fundo, as pessoas que não dão a mínima para o mundo são as pessoas que se acham o mundo.
O mundo é egocêntrico.
Mas quando se trata de azeite, o importante é rezar por ele, é consagrá-lo, segura-lo firmemente, pois o azeite é a coisa mais importante para milhares de pessoas que acreditam naquele azeite.
O mundo egocêntrico é chato e sem sentido, as pessoas egocêntricas são chatas e sem sentido, mas o azeite é o despertar para aqueles que não agüentam mais.
Ser o mundo é assumi-lo. O ódio pelo mundo acaba se transformando em ódio a si mesmo. O ódio é algo que gira em torno do mundo e quando se troca as peças, ele continua girando.
Quando não se agüenta mais o mundo, passa-se a se agüentar, quando não se agüenta, então, é melhor deixar tudo desabar e rezar para qualquer merda que possa salvar algo no que já está vazio.
A riqueza religiosa é a pobreza da alma. O triunfo dos templos é a decadência das pessoas.
Só há Deus quando não existe mais nada; quando não se acredita em mais nada.
Nietzsche diz: “Deus está morto”. Há 140 anos atrás. E se você não entendeu essa frase, perdeu tudo o que eu disse e o que vou dizer.
Hoje se diz: “Nós o ressuscitamos”.