A Jacira era braba pra danar - batia até morrer. Até que...

A Jacira era braba pra danar - batia até morrer. Até que...

Anos atrás, no Zoológico de Goiânia, Jacira*, a jacaré fêmea, era famosa e, o seu sítio era, talvez, o mais visitado do local.

E, as visitas, em parte, decorriam da fama de ser o maior espécime de jacaré existente em cativeiro, no país - de fato, impressionava vê-la ali, soberana e folgada, à beira do poço, coma bocarra semi-aberta e, o corpanzil exposto ao sol e, com a cara de sempre, isto é, de poucos amigos. Mas, as visitas também decorriam de sua fama de fêmea valente e mortal, que, ao longo dos anos, desafiou aos esforços dos profissionais do zoo, na tentativa de realizar seu acasalamento.

Com efeito, ao longo dos anos, se repetia a notícia de que os veterinários e biólogos do parque haviam trazido um espécime macho para acasalar com Jacira e, dias depois, suceder a notícia de que, ela havia trucidado mais um companheiro que haviam solto em seu poço, para emprenhá-la.

Os anos foram passando e, nada mudava: Jacira atacava e, batia até matar, nos pobres jacarés ofertados para matrimônio.

Aí, os profissionais do Parque Zoológico de Goiânia, encafifaram com aquele estranho comportamento da bela e feroz fêmea de jacaré e, resolveram então, submetê-la a toda sorte de exames, para tentar verificar a causa de sua recusa ao chamado da natureza para a reprodução.

Colheram amostra de tecidos, sangue, e tudo o mais, e enviaram para os laboratórios, requerendo uma série de exames, contagem disso e aquilo, verificação da presença de hormônios tais e tais e, outros assim.

Certo dia, estava em Goiânia um renomado biólogo, cuja especialidade de estendia às espécies de jacarés encontradas no país. O pessoal do zoológico o convidou para ir até o zoológico e ver de perto o caso da beata Jacira.

Chegando lá, o biólogo bateu o olho e, a fitou por um longo tempo, verificando seu biotipo e dimensões. Depois de algum tempo, pediu que imobilizassem anestesiassem o animal, para exames.

Foi uma trabalheira, mas atenderam ao pedido.

De luvas de borracha na mão começou uma série de exames e toques por diversas partes do imenso corpo do bicho.

Depois, sentenciou:

- Não haveria como acasalar este espécime com outro macho, pois a Jacira aqui não é Jacira - é Jacir!

...Então, procurando corrigir o erro humilhante, a turmo do Zoológico de Goiânia mudou o nome do bicho para Jacinto.

* Leia uma crônica minha e relacionada com esta, aqui:

http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/1784904