Uma 'certa' fotografia

A grosso modo, "tirar" uma fotografia é registrar um momento bacana, um lugar bonito, uma pessoa querida, um objeto especial, etc., etc., e guardar de lembrança por muitos e muitos anos. Seja em preto e branco ou colorida, a fotografia encanta. Provoca gargalhada ou apenas sorrisos; provoca o choro; provoca o espanto e provoca raiva. Enfim, ao olharmos uma fotografia, teremos diversas reações e faremos, fatalmente, um comentário qualquer - principalmente se formos nós, o alvo da foto. Aí, então, "Deus me livre e guarde", como somos críticos!

Mas é bom "tirar" fotos ou "ser" fotografado. O que vale é a lembrança que fica.

Falando especificamente sobre "ser" fotografado, tenho muitas fotos. Eu gostava de "aparecer" nelas. Achava importante o tal registro. Mas de uns tempos pra cá não tenho tido mais essa vontade. Perdi a espontaneidade e a alegria de me ver ali estampada. Sendo assim, consigo escapar dos "clic's" das máquinas que os familiares e amigos teimam em manter preparadas pra qualquer eventualidade. Se percebo alguém com u'a maquininha nas mãos, trato logo de sair de perto. É certo que uma hora ou outra, numa rara ocasião especial, por exemplo, não tem jeito: a luzinha piscou, pronto! Não tem escapatória!

É exatamente de uma fotografia assim, numa ocasião especial, que vou falar agora. E por um motivo bem simples: eu estava muito feliz!

A foto foi "tirada" durante a festa do casamento da minha sobrinha, no Rio de Janeiro, no finalzinho do mês de junho (do corrente ano). Uma festa linda! Eu não queria ir, mas a mãe da noiva, minha irmã, me deu uma bronca daquelas e não tive outra alternativa senão aceitar o convite. Até a hora em que cheguei à Cidade Maravilhosa, por volta do meio-dia do sábado - dia do casório - eu não fazia a menor idéia de como me arrumar para a festa. Em relação ao vestido não tinha o menor problema, mas quanto ao cabelo e à maquiagem... Pois bem, conversa vai, conversa vem, veio a surpresa: uma profissional altamente qualificada, já estava contratada para ir à casa da minha irmã pra cuidar da "beleza" dos hóspedes recém-chegados.

Eu fiquei nas nuvens! "Que chic! Essa minha irmã é demais. Com tanta coisa pra organizar, ainda se preocupa com a parentada de Minas! Só ela mesma!"; pensei. Às duas horas da tarde, após uma breve refeição, minha irmã nos deixou e foi para o "Copacabana Palace" - onde a filha já se encontrava - para também se preparar, afinal a mãe da noiva teria que estar pronta com antecedência para receber os convidados para a cerimônia.

Eu e a “galera” mineira ficamos no apartamento lá no Leblon onde a movimentação era grande e a falação, sem fim. Às quatro horas chegou Ângela, a tal cabeleireira e maquiadora. Já havíamos providenciado a lavação dos cabelos e íamos, uma a uma, sentando na cadeira improvisada em um dos quartos e passando pela transformação. Primeiro o cabelo, depois a maquiagem. Um espelho imenso permitia que acompanhássemos o trabalho da profissional e a cada uma que terminava, só se ouvia um "oh” geral. Chegou a minha vez. Passei mil recomendações. Eu estava temerosa de que meu rosto ficasse parecendo uma máscara. Que nada, fiquei uma belezura! Eu me olhava no espelho e não acreditava: "gente, eu estou bonita demais da conta! Ângela, você fez um milagre, minha filha, u'a mágica! Que espetáculo! Obrigada!". Minha nora, minha filha, a outra irmã, minha cunhada, outras sobrinhas; todas, afirmando que eu estava muito bonita.

Estávamos prontas! Aguardamos a chegada da Van que nos conduziria até o local da cerimônia e festa: "Casa das Canoas", um lugar deslumbrante! A decoração era um show à parte. Minha irmã nos recebeu emocionada. Minha sobrinha se casou e a festa "rolou" noite adentro até quase amanhecer o dia seguinte. Muita música, companhias agradabilíssimas, muitas fotos e eu, chique e bonita (desculpem a falta de modéstia, mas afinal, foi a minha noite de Cinderela), feliz da vida por estar entre pessoas que eu amo e que há tanto tempo não tínhamos oportunidade de estar juntas. É lógico que a felicidade estava estampada no meu rosto! E é lógico que eu não deixaria de "posar" para uma foto e registrar, para sempre, aquele momento especial.

Assim que voltamos para Belo Horizonte, pedi ao meu irmão que me enviasse as fotos o mais rápido possível.

Depois dessa, tenho pensado na necessidade de dar continuidade ao trabalho da competente Ângela e frequentar o salão de beleza; é lá que o milagre acontece!

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