As Culturas Regionais e a Dinâmica Cultural da Televisão

O Brasil , devido à sua vasta região geográfica, com regiões distantes e com clima diverso, relevo próprio, com uma formação cultural diversificada, devido à sua formação política-histórica, que foi diferente nas suas regiões, principalmente entre a litorânea e a do sertão, é chamdo muitas vezes de "os muitos Brasis".

Cada região brasileira, é ainda subdividia em outras, mesmo aque não politicamente. Os nordestinos por exemplo, são um povo misto de índios e portugueses, com problemas geográficos próprios, costumes, hábitos, líguna, música e até religião mais sua. Assim, também o são os negros da Bahia, os gaúchos do Sul, os imigrantes do Sudeste e do Sul.

Em cada região tem sua vida própria, que de certa forma está mudando. Os motivos são muitos, como a economia, a política nancional, mas principalmente devido aos meios de comunicação.

A comunicação, de rádio, jornal e televisiva, influencia o sistema social e o sistema social influencia a comunicação. O meio de comunicação que mais interfere os hábitos das ' massas' é sem dúvida a da televisão, que foi introduzida no Brasil na década de 50.

Enquanto a televisão era um aparelho de elite, e as emissoras eram simplificadas, esse meio de comunicação tinha um limite de penetração, pois era pouco conhecido e poucos o podiam ter. Por muito tempo era hábito assistir TV no vizinho , era o chamado "televizinho".

Com o passar dos anos, algumas emissoras passaram a ser multinacionasi, onde o lucro é mais visado do que o produto cultural, mas sim, como meio de "marketing", o objetivo primeiro passou a ser o comercial e '"vender" produtos anunciados.

Atualmente, é difícil uma casa no perímetro urbano não ter uma televisão e em decorrência disso, essa ' caixinha mágica' passou a interferir em hábitos, na estrutura familiar que sofre uma mudança depois da popularização da TV, sendo inclusive usada como "babá-mecânica" ds crianças,ou como "calmante" dos adultos com insônia.

As propagandas induzem e universalizam determinados produtos, modificam a forma de falar, de vestir, de agir e de pensar. As novelas, que deveriam ser vistas como mera diversão, interferem nos hábitos, levando na maioria delas, os costumes da zona sula do Rio de Janeiro para todo o Brasil.

Os filmes violentso, as discussões sem censura invadem os lares sem permissão. Os poucos programas bons às vezes são desprezados pelos programas mais comercializados, pois são mais "interessantes" e de certa forma, vazios no sentido de raciocínio.

" O olho mágico" da televisão interferiu nos hábitos familiares, quando há pouca possibilidade de diálogo, que foi reduzudo porque a novela é mais importante. Quantas vezes não se faz visitas sociais devido à mágica da novela que "amarra" as pessoas em determinados horários?

O que não falar então da destruição do folclore regional? Os modelos apresentados na TV são ideais e os regionais ficam depreciados.

A clientala estudantil, cuja geração é mais influenciada pela televisão, é dispersa, falante e pouco dada à leitura, pois a imagem é mais cativante e a escola popular continua sendo igual, com uma quadro negro, um professor falando, sem nenhuma outra técnica ilustrativa a não ser a dos livros. Em algumas escolas tem 'video cassete" ou projeto de "slides", e em outras poucas, salas de computador, mas é tão raro que não se ´pode levar em consideração. A maioria das escolas estaduais mal tem giz par distribuir aos professores.

No momento em que a televisão for bem conduzida, aproveitada em circuitos internos, com programação didática bem eleborada e principalmente com acesso aos professores e à escola pública, quando de mãos dadas estiver a Educação e a Comunicaçõ de Massa, esta técnica estará a serviço da comunidade. Por enquanto, infelizmente, a televisão é uma destruidora das culturas populares e não seu auxiliar.

(Selecionado no " I CONCURSO NACIONAL DE CRÔNICAS - 1989" - Clube Literário Brasília.

Publicação: "IMPRENSA" , nº. 109 , outubro de 1989,p.5 .in encarte especial na Revista Brasília ,Brasilia, Grupo Brasília de Comunicação, nº. 50, outubro de 1989.)