De "Pré-Sal" e, tipos boçais...

De "Pré-Sal" e, tipos boçais...

Alguém me enviou um comentário sobre a frase abaixo, dita por aí, por esses dias e, pediu-me para retrucá-la, como de nosso costume:

"O pré-sal é uma dádiva de Deus!"

Em frente:

"Nem sei se consigo pegar o espírito da coisa, no caso dessa frase - pois, dependendo de quem a disse, tem muito de carga e conteúdo ideológico e, aí, cabe a sua pertinente discussão em torno dela.

Mas se foi dita por um certo boçal que está perto de perder o cargo que ocupa se julgado uma figura dotada de poderes divinos, que de repente descobriu o poder miraculoso do termo "Pré-sal (o que seria do escritor amador sem os trocadilhos menores?)", então, lhe digo: a profundidade da frase é a mesma de um pires.

Dádiva Divina? Presdestinação? Entre todas, esta era a que estava reserva? Quanta bobagem!

O truque dessa frase supostamente esperta é ligar o tal do "Pré-sal (um fato virtual)" àquela frase duvidosa que diz "Deus é brasileiro!".

A tal frase demogógica, por sua vez, está ligada à idéia obscura, hedonista e algo sebastianista que circula entre nós desde que as caravelas portuguesas aportaram à costa americana ou, quando os tupis chegaram à mesma região, em busca da mítica Maíra - a terra sem males, de que o Brasil é o lugar em que se estabeleceu um povo predestinado sobre um território ímpar, que, de lambuja, teria certos privilégios junto ao Criador e, cuja nação e pais tem um grande destino pela frente.

Ora, Brasil é mais ou menos o fruto da introjeção de diferentes povos e, culturas sobre um determinado território.

O Brasil é mesmo um país predestinado? Uma simples comparação com a história de outras nações lança terríveis dúvidas sobre tal conceito - a despeito das condições básicas e quivalentes a nações muito menores ou menos dotadas de recursos financeiros, não conseguimos nem um sistema de ensino razoável para os brasileirinhos!

É inegável que, com muito menos território e, riquezas naturais - petróleo incluido, muitos povos conseguiram bem mais. Ainda que se considere o fator tempo, no processo.

Nada contra a fantasia, mas sabemos que o Brasil só será um grande país na medida em que os brasileiros forem grandes consigo mesmos e, responsáveis com o seu futuro.

Não há mágica, não há atalho e, nem plano "B". Com garantia, só existe o caminho do trabalho corajoso, diuturno e, valorizado. Foi assim que as grandes nações alcançaram suas metas.

Tem gente que gosta de inventar fórmulas mágicas - mas, sabem que o fazem é um truque barato e, bem custoso do ponto de vista financeiro.

Voltando à frase folclórica, não há muito o que dizer, pois quem provavelmente a disse é mesmo um tipo supercial, da alma vazia de sentido e interesse na especulação, cujo conteúdo é algo que longe de interessar, pode assustar e, decepcionar que a prescruta, no universo da palavra - onde "Pré-Sal" assume o valor simbológico do que foi "bio-combustível", como se alguém trocasse a capa de um mesmo livro.

E, em certo sentido é, pois em ambos os casos, o substantivo é virtual, para fins imediatos e pontuais: o consumo da massa supostamente fácil de agradar - e, manobrar politicamente.

Discutimos recentemente sobre esses oportunismos no câmbio de símbolos e, sabemos que em certo nível, esse operação depende de muita habilidade ou, melhor ainda, de habilitação. Além disso, a operação exige tempo, para que se consolide.

De certos tipos nem se pode dizer que tenham ou não tenham certas habilidades, sabendo do domínio da preguiça sobre seus espíritos.

Enfim. Ando já com muita preguiça de pensar sobre as estultices de certos tipos dizem ou, fazem.

Mas, o fato é que o tempo passa e, as coisas mudam - para melhor ou, pior. E aí, tipos grosseiros - cujo cérebro parece estar incrustrado na língua voltam às origens e, de um modo ou de outro, ficamos livres deles.

Então, mesmo que vistam sarongue, ponham uma melancia no pescoço, abacaxis sobre a cabeça e dancem hula-hula tocando cavaquinho, não nos interessam mais. Ficam lá, na margem, tentando chamar a atenção, sem que nos possam nos surpreender ou cativar.

O fim chega para todos, de diversas formas.

Neste caso em particular, permita-me celebrá-lo.

E terminando, digo que sou daqueles que o futuro do Brasil será feito pelos trabalhadores (desde o braçal, até o pesquisador, passando pelo governante sério e, corajoso) e, não pelos boçais e, preguiçosos.

Mas, minha pugna pode estar errada. A Venezuela serve bem de exemplo contrário."