Os meus caminhos na escrita

Nossa companheira, amiga querida do Recanto, Milla Pereira(*) é, sem sombra de dúvidas, uma grande escritora. De leitura fácil, gostosa e inteligente, sua escrita nos induz a caminhar com ela até o âmago do seu pensamento.

Em suas poesias, contos, trovas e cirandas, crônicas, sonetos e demais modalidades da literatura, deparamo-nos com o amor, a tristeza, a saudade, a alegria, a irreverência, a amizade, a simpatia, o carinho e tantas outras emoções, descritas lindamente.

Deixou-nos de presente no último dia dezesseis de setembro, mais um texto instigante, franco e reflexivo, onde expõe a sua indignação em relação ao questionamento de determinada pessoa - diga-se de passagem, sem a mínima educação e sem um mínimo de respeito sequer - indagando, ironicamente, o por que continuar insistindo em escrever, já que é uma escritora amadora e, segundo ela: "... sem a menor chance de ser uma Escritora de Sucesso".

Com sua generosidade peculiar, Milla nos deixou uma pergunta, a qual é título da sua crônica: “Afinal... Por que escrevem os amadores?”(**)

Deixei um recadinho solidário à amiga Escritora, desliguei o computador e fui dormir. Apesar de não ter comentado o meu propósito, como o fizeram outros escritores, continuei a pensar o que escreveria como resposta à sua indagação.

Relembrando os tempos de menina no grupo escolar, revivi alguns maus momentos, principalmente quando era hora de fazer a “bendita composição”. Afff! Que agonia! Quanta dificuldade! Fosse como tarefa do “Para Casa” ou em sala de aula - nas provas então, era um suplício! Um bloqueio, um “apagão” terrível (e hoje entendo do que se tratava), não permitia que eu me expressasse, que eu colocasse no papel qualquer idéia que fosse, sobre o tema proposto. Isso, quando havia um título a seguir. Quando era para “inventar”, “criar” uma historinha, pior ainda; resultado: zero na questão. Decorar era fácil, mas criar... Sem chance! Pois bem, passei pelo ginasial e segundo grau nem sei como.

Assim, temendo o fracasso, só me restou deliciar-me com a leitura. Seja de grandes clássicos, seja de livros menos famosos, jamais deixei de ler e aí, sentia uma “baita” inveja do talento dos autores.

Pois bem. A vida reservou-me uma bela e grata surpresa: hoje em dia escrevo e, quem diria, na internet! Uma tremenda “cara-de-pau”, dirão alguns! E se pensarmos bem, dá vontade de rir, sinceramente.

Então, por que escrevo? Para que escrevo se não tenho talento, nem tampouco competência?

Pensando nisso, e inspirada pela crônica citada, decidi escrever a respeito e descobri algumas respostas.

Escrevo, para afugentar meus medos, minhas tristezas, minhas desilusões. Deixo, como uma “válvula de escape”, “vazar” um pouco de mim.

Escrevo, para ter alguns momentos de encantamento comigo mesma, descobrindo-me ser capaz de superar dificuldades.

Escrevo, para aprender a criar, encontrar o belo, entrar no mágico mundo da fantasia e voar com os pirilampos, com as borboletas, fadinhas e libélulas; conversar com os gnomos, com as flores e com os passarinhos.

Escrevo, para tirar o excesso de amor e deixar registrado no meu caminho de ilusões, as marcas dos meus sonhos e esperanças vãs.

Escrevo, para “matar” a saudade do amor que ficou lá atrás, do beijo em minhas mãos jamais esquecido, dos olhares secretos, e do despertar do amor.

Escrevo, para saudar e homenagear a quem me é caro.

Escrevo, para aprimorar meu vocabulário, para não deixar a memória me trair; escrevo para exercitar prazerosamente a beleza do nosso idioma.

Escrevo, para interagir, me comunicar e me sentir viva e útil, de certa maneira. Quem sabe, até, para ter o privilégio de conhecer Escritores e Escritoras sensacionais como os que tenho encontrado aqui? Amizades virtuais que se tornam reais como um passe de mágica. Não tem coisa melhor!

Enfim, escrevo porque é saudável e me faz feliz! Se agradar, emocionar ou alegrar alguém, ótimo! Se não... terá valido a pena também.

Quanto a escrever um livro e ganhar "rios" de dinheiro... Só na próxima encarnação! ... E olhe lá!...

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(*) http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=15327

(**) http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/1813151

Deixo meu agradecimento a Milla Pereira, por proporcionar-me o prazer de uma ótima leitura e pelo tema que me fez refletir e inspirar na produção desta crônica. Obrigada! Beijos da Ceres.

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