PORQUE SONETO

PORQUE SONETO

Não há dúvidas de que o valor e a beleza de um poema não dependem de rimas ou métrica, mas do que o autor consegue passar de si, ou da mensagem escolhida para determinado tema.

Nem a crítica, nem propagandas podem decretar o valor e a imortalidade de uma obra; somente o agrado e a opinião dos leitores é que falarão mais alto. Para isto, basta simplesmente o leitor, à primeira vista, gostar ou não do poema, independente de rimas ou métricas. Eu costumo dizer que o poema livre de rimas ou métrica, é mais difícil, pois tem que prender o leitor pelo lado psicológico, com tema e mensagem que realmente toquem a que lê.

Porque mesmo sabendo disso eu continuo fascinada pelos sonetos, com todas as regras e limitação de versos?

O soneto é um exercício lúdico muito interessante e se torna um vício - um bom vício - para quem gosta e consegue dominar a técnica da métrica e rimas. Às vezes fazemos um soneto bem depressa, outras, prolonga-se por dias e até uma semana para encontrarmos uma palavra que rime, caiba dentro da métrica e dê sentido ao verso e ao poema.

E não são poucos os autores que conseguem reunir técnica e mensagens interessantes que despertam a atenção do leitor. Não só escrever, mas ler e fazer a escansão dos versos sentindo os efeitos musicais e o ritmo imposto pelo esquema rimático e métrico, é realmente muito agradável.

Nenhum poema poderia exemplificar melhor o que sinto, do que este soneto do

Filinto de Almeida “A sua excelência o meu amigo Soneto”

Meu amigo Soneto, eu te agradeço

o carinhoso, consolante abrigo

que dás à dor imensa que padeço

e deste aos sonhos que eu cantei contigo.

Mais te amo quanto mais te ouço e conheço,

jovem cantor que vens do tempo antigo,

e tenho a tua estima, que é sem preço,

meu companheiro, meu melhor amigo.

E, graças ao prestígio dessa estima,

tu me fizeste um grão-senhor da Rima,

e me acolhes agora como dantes,

e abres-me ainda - e desde a mocidade -,

teus quatorze caminhos rutilantes,

que desembocam na imortalidade.

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E assim, nas horas de solidão, horas de alegria, momentos de reflexões, nada como um soneto para nos fazer companhia.

Camélia La Branca

24/09/009

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Camélia La Branca
Enviado por Camélia La Branca em 08/10/2009
Reeditado em 19/03/2018
Código do texto: T1855140
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