UMA SÉRIA PIADA

Tudo pode virar piada: a mulher adultera, a queda de um homem, o padre, o papagaio, a loira, a freira, o gay, o corno, o vereador, o prefeito... tudo, até deus as vezes vira piada na boca dos homens!

Mas no Brasil tem um caso estranho, só os palhaços são sem graça e não viram piada. Os melhores palhaços vivem por aí em circos vagabundos, com uma performance perfeita, mas sem receberem nenhum aplauso.

No Brasil, a maioria dos palhaços usa terno e grava e os verdadeiros políticos andam por aí com nariz vermelho e redondo, com calças folgadas, descalços e ganhando um salário mínimo...

Querem que eu prove? A própria Constituição Federal é a maior prova da piada brasileira:

Art. 7º, inciso IV:

“São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: salário mínimo,fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim” [...]

Isso tudo, com quatrocentos e sessenta e cinco paus! É pra sorrir ou pra chorar?

Se não podemos confiar na nossa carta política maior, porque confiaríamos numa carta de amor? Se a Constituição Federal é um livro que zomba da minha cara, qual o livro que deverei ler achando que estão me falando a verdade nua e crua?...

A TV, o rádio, os jornais, as revistas, a internet, a livrarias, as escolas, as empresas... tudo, na verdade, não passa de uma manobra da política rir com as nossas bundas do lado de fora... No Brasil, até os livros não passam de editoriais sarcásticos produzidos pelo circo humano. Se Nelson Rodrigues disse que o dinheiro comprava até o amor verdadeiro, avalie o que o dinheiro não pode fazer com o pensamento!

Vamos, vamos... quem dá mais pelos meus pensamento, por minhas letras? Como todo ser humano, também estou à venda! Pode ser um salário mínimo. Qualquer merreca me leva. Ter que andar nu, comer ovos mexidos e viajar de pau-de-arara depois de ter arrancado petróleo do solo no qual me enterrarei, não é vender minha vida; é comprar minha morte!...

... O trabalhador brasileiro é a prostituta mais barata que existe!